Manto de Nossa Senhora de Nazaré tem joias e broche produzidos por ourives do Polo Joalheiro do Pará



Imagem peregrina com o novo manto. Foto: Festa de Nazaré - Divulgação

Projeto de joalheria do novo manto Nossa Senhora de Nazaré. Imagem: Ourogema Divulgação

Uma das tradições do Círio de Nazaré, o novo manto que veste a imagem peregrina de Nossa Senhora, padroeira dos paraenses, foi apresentado na noite da última quinta-feira, 6, na Basílica Santuário, pela diretoria da Festa de Nazaré. O ornamento é fechado por um broche em prata banhada a ouro e destaca outras joias distribuídas por toda a peça, composta por 138 gemas minerais, naturais e sintéticas, entre topázios azuis, citrinos e rubis. As joias foram criadas e produzidas pelo ourives Marcelo Monteiro, que está à frente da Ourogema, empresa que integra o Programa Polo Joalheiro do Pará. O projeto do manto de 2016 é da artista plástica Aline Folha e foi confeccionado pela estilista Marilza Ramos.

A criação, design, joias e bordados do manto resultam de um trabalho coletivo de artistas paraenses, que integram segmentos criativos, como o das artes visuais, design, moda, estilismo, joias e gemas, e a arte da joalheira. A preparação, pesquisa, escolha das cores, símbolos, materiais e detalhes datam do início do ano. Concebido em cada detalhe, o manto bordado e seus símbolos reproduzem o tema do Círio 2016: "Salve Rainha, Mãe de Misericórdia", e foi inspirado na evangelização, misericórdia, amor e doçura da Virgem de Nazaré, além da fachada da Basílica Santuário e do ano do Jubileu da Misericórdia, proclamado pelo Papa Francisco.

Denominado “Imaculado Coração de Maria” e produzido em prata banhada em ouro amarelo com gemas minerais, naturais e sintéticas, o broche que fecha o manto deste ano reproduz, justamente, a imagem do imaculado coração de Maria, enfatizando rosas nas suas laterais e quase 100 gemas de cor avermelhada formando o seu interior. Os metais nobres e as pedras também compõem flores, estrelas, detalhes da grande cruz colocada na parte posterior e o “m” do nome de Maria de Nazaré, disposto na parte inferior do desenho central.

“Para o manto deste ano, mais uma vez, a nossa empresa teve a responsabilidade e honra de confeccionar, além do broche, as peças que adornam este que é um dos símbolos de maior representatividade da festa de Nazaré, um dos momentos mais esperados do Círio”, completa Marcelo.
Ourives Marcelo Monteiro. Foto: Ascom Igama

Ao receber o esboço do desenho do manto e dos elementos que o compõem, Marcelo Monteiro, conta que pensou em como viabilizar da melhor forma o projeto, dentro das técnicas de joalheria. “Valorizamos o desenho ilustrativo e desenvolvemos os projetos, materializando a ideia do seu criador, no caso, a artista plástica Aline Folha. Trabalhamos com a proposta para que ela ficasse viável para a utilização na joalheria: as peças em prata banhada que usamos no manto”, explica.

Significações de fé e arte

Para estar de acordo com o projeto do manto, a equipe que participou da produção das joias, formada por 15 profissionais, entre designers, ourives e cravadores, trabalhou durante cerca de dois meses. O desenho a mão passou por uma vetorização para adequação ao projeto de joalheria, feita de forma computadorizada, através de programas usados na área das joias. O processo foi desenvolvido em diálogo permanente entre a equipe da empresa e Marilza Ramos e Aline Folha, sob a coordenação da diretora do Círio, Daniela Souza. “Por ser arquiteta de formação, a participação dela durante o processo foi louvável”, conta Marcelo Monteiro.

“O broche é todo articulado. Ele tem três partes que se separam para melhor ser manipulado, facilitando assim a fase de cravação das gemas. Com isso, o trabalho fica mais limpo e perfeito”, observa o ourives.

No detalhe, broche do manto do Círio 2016, que integra o projeto "Imaculado Coração de Maria". Foto: Fabrício Coleny - Ascom Basílica Santuário de Nazaré

A matéria-prima utilizada nas joias do broche e do manto foi a prata (Ag) 0,950 banhada em ouro amarelo (Au) de teor 999,9, além de várias gemas de diversos formatos de lapidação. Em forma de gota, 8 gemas minerais do tipo topázio azul (London Blue) formam o centro de estrelas douradas distribuídas pelo manto. A composição do manto também é formada por cinco lírios, cujo centro (pistilo de onde saem filetes com anteras nas extremidades) é representado por 25 citrinos em lapidação briollet em forma gota. Nos cantos da cruz estão dispostos 9 rubis sintéticos lapidadas em formato de gota.

Os 96 rubis sintéticos redondos em lapidação brilhante, que formam o centro do broche, fazem referência à cor vermelha do Imaculado Coração de Maria e foram cravados no broche pelo ourives cravador Thiago Sales.

De acordo com Marcelo Monteiro, a produção das joias do manto foi inteiramente artesanal, valorizando a habilidade e a experiência dos ourives da empresa na joalheria de autor, uma das vertentes do processo de fabricação de joias. O grande diferencial da Ourogema, destaca, está na importância que dá ao design de uma joia e ao cuidado com o seu processo de criação. “Tanto que isso é prioridade aqui na empresa, onde temos dois designers formados pela Uepa (Universidade do Estado do Pará), além de um estagiário, apenas para a criação, desenvolvimento e execução de projetos de joias. Oferecemos total estrutura para nossos parceiros e clientes”, conclui.

A gestão entre o design e a ourivesaria como arte

Broche do Círio 2015.
Foto: Ourogema Divulgação
O ourives Marcelo Monteiro, a exemplo de outros profissionais do Programa Polo Joalheiro do Pará, tem ampla experiência e premiações na área da joalheria, participando de feiras e eventos no Brasil e diversos países. Através de sua empresa, já confeccionou outros broches e coroas para adornar a imagem da padroeira dos paraenses, como o broche em ouro que reproduz a face de Dom Vicente Zico, feito no Círio do ano passado, homenagem que emocionou fiéis pelo arcebispo emérito de Belém, falecido em maio de 2015, ter sido tão querido dos paraenses pela dedicação que devotou por toda a vida à igreja católica.

O tema do manto da santa, sua composição e autoria são guardados em segredo até o dia da sua apresentação, anúncio aguardado com expectativa pelos fieis de Virgem Santíssima. A peça é doada à organização da Festa de Nazaré, a cada ano, por uma família cristã voluntária.

Descritivo dos elementos do manto: Imagem: Festa de Nazaré - Divulgação

O manto deste ano é carregado de beleza e significados, identificando, entre outras simbologias, a noite estrelada da procissão da Trasladação, que antecede a do Círio de Nazaré; o jardim estrelado de lírios com seu “suave perfume”, dispostos em destaque na frente da peça; uma grande cruz, na parte posterior, simbolizando o Preciosíssimo Sangue de Jesus Misericordioso; o caminho místico da fé, refletido no desenho do entorno do manto, remetendo ao deslocamento da imagem da Catedral de Belém até a Basílica; a silhueta frontal da Sé e a fachada da Basílica; e a luz do sol do nascer do dia dedicado à Maria de Nazaré, expandindo seu calor aos devotos da coroa da Rainha da Amazônia, da Mulher Vestida de Sol, o dia ensolarado anunciando e abençoando o encontro misericordioso entre o céu e a terra no segundo domingo de outubro, da principal procissão do Círio de Nazaré.

Apesar de não se ter registro do manto na imagem original de Nossa Senhora de Nazaré, que hoje fica no altar da Basílica, encontrada pelo caboclo Plácido José de Souza, no ano de 1700, às margens do igarapé do Murucutu, a peça tornou-se um dos principais símbolos da festividade, que também é representada joias do Círio produzidas no Polo Joalheiro do Pará.

Ascom Igama




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