Joias de Nazaré 2013: exposição comemora uma década com programação especial

 Colar "Rainha da Amazônia": criação de Ivete Negrão, ourivesaria de Edinaldo Pereira e lapidação de Leila Salame. Foto: João Ramid/AIB

A exposição “Joias de Nazaré” comemora 10 anos e será aberta nesta quinta-feira, 3, às 18 horas, com programação na Capela e no Jardim da Liberdade do Espaço São José Liberto, onde as joias ficarão expostas para visitação até o dia 31 de outubro. A inspiração para as 63 joias artesanais criadas por designers e microempresários do Programa Polo Joalheiro foi o tema “O Povo do Círio: Arte, Cultura, Vida e Fé em Honra à Maria”. Objetos que emocionam, comunicam fé, cultura e a magia da criação, as joias da nova coleção são obras de arte inspiradas em representações que envolvem a devoção de quem acompanha o Círio.

Com entrada franca, uma celebração religiosa e apresentação de duo de violinos marcarão a programação da solenidade de abertura da exposição, que também conta com um projeto especial de ambientação. A iniciativa é do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), com apoio do Curso de Licenciatura em Música da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Do clássico ao contemporâneo, o conteúdo representado pelo grupo de designers nas peças da nova coleção revela o conceito de atemporalidade presente na joia religiosa, caracterizada por inscrições, utilização de muitas gemas, correntes grandes, cravação de diamantes e variações de desenhos sobre mantos vazados.

Com criatividade, utilização de matéria-prima regional, técnicas especiais e design inovador, as joias mostram ícones representativos da festividade em homenagem à padroeira dos paraenses, Nossa Senhora de Nazaré. São anjos barrocos, mantos, berlindas, a corda (e sua simbologia) e fitas de promesseiros, além de imagens e ex-votos - expressão que significa “por um voto alcançado”, representada em barcos, tijolos, chaves e casas, que fazem referência aos objetos oferecidos em agradecimento à santinha.

Inspiração - A emoção marcou o processo de criação e produção das joias da nova coleção, que remetem à participação do “povo do Círio”: pessoas que vibram, vivem, acompanham, comemoram e demonstram sua fé durante a festividade em homenagem à Virgem de Nazaré. Designers, microempresários, ourives, lapidários, cravadores e demais profissionais do Polo Joalheiro do Pará criaram peças em metais nobres, ouro e prata, que, além do design, destacam-se pela cravação de gemas minerais, como ametista, citrino, turmalina, quartzo, diamante, granada e rubi.

A designer Lídia Abrahim criou o pingente “Promessas”, a partir da inspiração em uma graça alcançada. Em forma de santa, o pingente em prata com fitas coloridas lembra as fitas usadas pelos promesseiros e realça a incrustação paraense, técnica que confere colorido especial às joias. “Eu já fiz promessa com a fita, passei uns três anos com ela no meu braço e, quando alcancei a graça, fui pagar de joelhos lá na Basílica”, revela Lídia, explicando que o fato ocorreu quando ela era adolescente e que o motivo da promessa foi uma operação na vista que sua mãe realizou.

“Casa de Plácido” foi o pingente criado pela designer Celeste Heitmann. A peça remete à origem da festa do Círio e à lenda do aparecimento da imagem da santa, encontrada às margens do rio Murucutu, há 221 anos atrás, em Belém, pelo pescador Plácido José de Souza, que a denominou de “Nossa Senhora de Nazareth”.

Celeste diz que a inspiração também teve relação com a Casa de Plácido, criada em 2009 no térreo da Basílica de Nazaré, onde funciona como local de acolhida aos romeiros que vêm pagar promessas. O pingente em forma de relicário e confeccionado em prata com lolita e diamantes, segundo ela, homenageia a fé do caboclo Plácido e dos promesseiros do Círio.
  


Detalhes do pingente "Casa de Plácido", criação de Celeste Heitmann e 
ourivesaria de Joelson Leão.  Foto: João Ramid/AIC

“Promessa Fluvial”, “Rainha da Amazônia”, “Chamas de Amor” e “Pagando Promessa” foram as joias criadas pela designer Ivete Negrão, que criou maxicolares, pingentes, anéis e brincos, utilizando madeira, fios de seda e diversas gemas minerais. No colar “Rainha da Amazônia”, ela utilizou ouro, prata e as gemas Green gold, citrino, água marinha e crisoprázio.

Em homenagem aos promesseiros da corda, o designer Fábio Monteiro idealizou o pingente “Força da Fé”, produzido em prata, com rubi, esmeralda e citrino.

Já o colar “Berlinda Marajoara”, uma das joias assinadas pela designer Helena Bezerra para a exposição, foi confeccionado em ouro amarelo com jade em formato cabochão e ametista rose france – a gema central do pingente, que se destaca pelo grafismo marajoara, técnica desenvolvida pela lapidária Leila Salame.

A inspiração, segundo ela, nasceu da tradição de acompanhar a procissão que antecede o Círio, a Trasladação. “Todo ano eu acompanho e faço questão de ir ao lado da berlinda. Sempre vou às lágrimas. Esse ano eu consegui fazer um trabalho que lembrasse a água molhando a berlinda. Chorei de novo com o trabalho pronto”, revela a designer.

Uma das novidades desta edição são joias com inscrições no sistema braile (forma de comunicação utilizada por pessoas com deficiência visual). Criados pela designer Laise Lobato, os pingentes reproduzem em prata as palavras paz, amor, perdão e fé. “O momento do Círio já é muito emotivo porque as pessoas ficam com as emoções à flor da pele. Quem tem deficiência visual usa muito os outros sentidos e tem muita sensibilidade nas mãos”, explica a designer, lembrando que testou o pingente com a sua vizinha, que tem deficiência visual e aprovou a criação.


Entre os designers, microempresários e empresas participantes estão, ainda, Rosa Castro, Selma Montenegro, Rosáurea Simões, Marcilene Rodrigues, Camilla Amarall, Clarisse Fonseca, Joseli Limão, Vânia Sabat, Ivam Silva, Antônio Tavares, AmazonArt Joias, DaNatureza, HS Criações & Design, Ourogema e Amorimendes.
Pingentes "Braile Perdão, Paz e Fé", criação de Laise Lobato e ourivesaria de Joelson Leão. Foto: João Ramid/AIB

Comemoração - Desde a sua primeira edição, “Joias de Nazaré” conta com o apoio e a parceria da Secult. Uma das organizadoras da exposição é Anna Cristina Resque, pesquisadora e diretora do Museu de Gemas do Pará, ligado ao Sistema Integrado de Museus (SIM) da Secult e que funciona no Espaço São José Liberto desde o ano de sua inauguração, 11 de outubro de 2002.

Anna Cristina Resque, diretora do Museu de Gemas do Pará. Foto: Igama/Divulgação
“A exposição Joias de Nazaré começou de uma forma ‘tímida’ e cresceu junto com o Programa Polo Joalheiro. Hoje, ela faz parte do calendário nacional de exposições temáticas e a Secult comemora junto com o São José Liberto o sucesso e o crescimento dessa iniciativa”, revela Anna Cristina.

Para a designer Ivete Negrão, que participou de todas as versões do evento, a data tem fortes significados. “Falar de 10 anos é falar de uma longa caminhada que o Polo tem nos proporcionado. Criar joias para o Círio é um momento muito especial e de alegria porque são peças que não se repetem. Eu sinto que é uma devoção muito grande; é Deus que nos guia para criar essas belezas em homenagem à santinha”, revela.

Na opinião de Rosa Helena Neves, diretora do Espaço São José Liberto e do Programa Polo Joalheiro, comemorar 10 anos do evento traduz o resultado do trabalho do Espaço, desenvolvido em parceria com os designers de joias, microempresários do setor joalheiro e com o apoio institucional do Governo do Estado, Seicom, Secult, Museu de Gemas, Casa das 11 Janelas, Museu de Arte Sacra do Pará, Paratur, Setur, Uepa, imprensa em geral, que “sempre divulgou a coleção religiosa Joias de Nazaré, que se tornou patrimônio cultural do Estado, tendo em vista as caracterizações desta joia”, entre outros parceiros. 
Rosa Helena Neves, diretora do Espaço São José Liberto. Foto: Igama/Divulgação

Ambientação - Rosa Helena Neves observa que, nesta edição, os “diálogos entre os setores criativos” ficaram mais evidentes com a participação de artistas renomados. “Além da beleza e daqualidade das joias que compõem esta coleção, destaco na exposição de 2013 o projeto visual e de ambientação dos artistas plásticos Emanuel Franco e Armando Queiroz, bem como os displays (suportes) criados pelo artesão Luiz Guilherme Santos, cujo material é a farinha de tapioca”, adianta a diretora, referindo-se a 10 peças coloridas em resina com farinha de tapioca que servirão de suporte para as peças.

“Conseguimos, em um único projeto expositivo, possibilitar o diálogo de quatro setores criativos: design, joia, artes visuais e artesanato. A Secult e o Sistema de Museus colaboraram de maneira significativa para este diálogo”, completou a diretora.

Durante a celebração e alguns dias do evento, o público também poderá apreciar uma réplica da imagem peregrina da padroeira dos paraenses, símbolo central do Círio de Nazaré, que é considerado o maior evento católico do mundo, reunindo anualmente cerca de dois milhões de pessoas no segundo domingo de outubro. A imagem foi ofertada ao Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Criada pelo artesão Max Santos, a imagem também será coberta com a réplica do manto e do broche doados ao pontífice pela Setur, Paratur e Arquidiocese de Belém. A gemóloga e lapidária Leila Salame e o ourives Francisco de Assis Cardoso, que fazem parte do Programa Polo Joalheiro, também integraram a equipe responsável pela criação e confecção da réplica da imagem.

A direção de criação artística da exposição é de Rosângela Gouvêa Pinto, especialista em Educação e Designer de Joias, mestre em Meio Ambiente e professora do curso de Bacharelado em Design da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Em julho de 2013, ela ministrou o workshop de geração de produtos Joias de Nazaré 2013, onde os participantes tiveram uma visão geral sobre a criação de peças religiosas inspiradas na festividade do Círio e foi definido o tema desta edição.

O Espaço São José Liberto e o Programa Polo Joalheiro do Pará são mantidos pelo Governo do Estado, por meio da Seicom, sendo gerenciado pela organização social Igama.

Serviço:  A abertura da exposição Joias de Nazaré 2013, “O povo do Círio: Arte, Cultura, Vida e Fé em Honra à Maria”, será realizada no dia 3 de outubro, às 18 horas, na Capela e no Jardim da Liberdade do Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n. Jurunas). A exposição segue até o dia 31 de outubro no horário especial de funcionamento do Espaço no mês de outubro: de segunda a sábado, das 09 às 19h, e aos domingos e feriados, das 10 às 18h. A exposição não abrirá no dia 13 (Círio) e no dia 28 (Recírio). Entrada gratuita.

Programação:  


17h30 – Celebração religiosa em homenagem à Virgem de Nazaré, com a presença da réplica da imagem doada ao papa Francisco pela Setur, Paratur e Arquidiocese de Belém
18h – Solenidade de abertura da exposição, com pronunciamento dos organizadores e de autoridades
19h – Apresentação musical do “Duo de Violinos”, com os violinistas Pedro Teixeira e Igor Amaro, da Uepa

Contatos: Luanna Alysse, gerente do Núcleo de Desenvolvimento Tecnológico e Organizacional (NDTO) do Espaço São José Liberto: (91) 3344-3557 e 3344-3518.

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Ascom/Igama




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