Capacitação promove debates sobre mercado e tendências de joias no Polo Joalheiro

Durante o encontro, consultora Regina Machado fala sobre a marca da joia do Pará.
Foto: Renata Cunha - Divulgação

Designers e estudantes de design debateram sobre tendências do setor, mercado e técnicas de joalheria, no auditório do Espaço São José Liberto, durante evento ocorrido na última semana. Convidada do encontro, a designer de joias e consultora de design e estilo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), Regina Machado, mestre em comunicação dos sistemas simbólicos e doutora em comunicação e cultura pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ministrou o "Curso de Criação de Joias e Workshop de Geração de Produtos: Coleção de Joias 2013/2014".

A iniciativa faz parte do projeto de capacitação do setor produtivo de joias e, de acordo com Rosa Helena Neves, diretora executiva do Espaço São José Liberto e do Programa Polo Joalheiro do Pará, a ação tem como proposta criar e fortalecer a geração de produtos no setor de design de joias, visando promover a inovação e a elevação da qualidade dos produtos oriundos dos setores criativos, estimulando o desenvolvimento e a gestão do ciclo de design pelos empreendedores criativos e microempresários.

Entre os objetivos do Curso de Criação também está a geração de projetos de joias que irão compor a Coleção de Joias 2014/2015, a ser lançada na “Expojoia Amazônia Design 2014”, prevista para o final do mês de maio de 2014, promovida no Pará em parceria com o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e organização social Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), gestora do programa Polo Joalheiro e do Espaço São José Liberto.

Segundo Regina Machado, o curso deu continuidade à capacitação das competências criativas do setor joalheiro para o próximo ano, uma demanda de consumidores aumentada pela agenda que o Brasil e o Pará conquistarão para 2014.

A consultora explicou que todo o repertório que já vinha sendo desenvolvido - que tem como base e conceito principal das coleções, a identidade, as referências culturais e o capital simbólico que agrega valor ao produto e aos materiais que já são preciosos - agora vai possibilitar um trânsito comercial ainda mais valorizado pelo interesse que os consumidores de outras regiões, tanto do país quanto do mundo, têm por esse tipo de mercadoria.

Os produtos que estão sendo trabalhados, as joias, segundo ela, são produtos fundamentais para o Polo. “Mas joias contemporâneas, que misturam materiais". Dessa forma, ressalta a consultora, será atendida não só a agenda que tem sido atendida há vários anos, que é a dos lançamentos do setor nacional.

“Também vamos ter a oportunidade de, na Expojoia, estar posicionados em um momento estratégico para atender a essa demanda. Se você olhar todo o repertório do que já foi criado aqui, vê que está dentro deste conceito, mas agora está todo mundo sensibilizado para a questão da brasilidade, que está mais forte do ponto de vista comunicacional e atende a um grupo maior de consumidores, que cada vez mais se sensibiliza e deseja utilizar a estética nacional. Não é mais um reconhecimento de valor criativo por nós, criadores, como também pelos consumidores”, observou.

Regina Machado. Foto: Renata Cunha/Igama Divulgação
Tendências - O Polo Joalheiro, hoje, produz joias em escalas artesanal e semi-industrial. Sobre o assunto, Regina Machado também frisou que as cadeias produtivas precisam acompanhar as demandas e as exigências atuais dos consumidores. Para ela, as joias, apesar de terem uma vocação à eternidade, permanência, estão em sintonia com os desejos dos consumidores que participam desta dinâmica da moda.

“A gente viu que, para cada ano, poderia tratar de um assunto de forma mais estratégica. Não só o Polo (Joalheiro do Pará) como o próprio mercado vem amadurecendo, sobretudo, com a continuidade das ações porque a gente lida com a cultura e o design é uma cultura. O que é muito importante aqui no Polo é a continuidade das ações porque a gente esta lidando com um processo que vai amadurecendo nessa trajetória. Hoje, somos muito menos ingênuos na hora de criar um produto”, avaliou.

Essa importância do valor agregado ao produto e as exigências do mercado atual, segundo ela, fizeram com que o setor se posicionasse “de forma menos romântica: sem perder a poesia, mas sendo um pouco mais estratégico”.

Identidade - Durante o evento, Regina Machado também exemplificou que o conceito de utilização de uma semente na criação de uma joia artesanal é interessante, porém, a visão deve ser mais ampla.

“A gente está lidando, hoje, com a questão da economia criativa. Mesmo as tecnologias artesanais milenares da ourivesaria permitem a reprodutividade técnica, como a fundição, técnica inventada no Egito antigo. A gente tem intenção de ter uma produção que tenha um retorno para a economia dos seus produtores e possa, realmente, melhorar a vida deles, mas a gente não tem a pretensão de ser uma indústria, como a chinesa. O que se busca é um valor agregado que possa criar uma quantidade que não seja uma tonelada de peças iguais. Não é só pela quantidade, é pelo conceito e pelo valor agregado”, explicou.

Regina Machado também falou sobre a identidade e o reconhecimento que a joia do Pará tem alcançado com o Programa Polo Joalheiro, criado em 1998. “É importante destacar que, hoje, se você pensar do ponto de vista do design de joias brasileiro, não existe nenhuma outra região do Brasil que tenha uma joalheria que seja identificada como sendo daquele território. Só tem dois lugares que você pode, realmente, reconhecer: o Rio de Janeiro, pelo estilo e por ser uma escola de joalheria contemporânea, e o Pará. As outras regiões são grandes polos industriais, mas o estilo é um pouco mais universalizado. Não é culpa de falta de talento. É falta de investimento. É um processo, uma construção. E, aqui no Pará, não deixa de ser contemporâneo: têm identidade, tem marca. Só tem marca quem investe na marca e, aqui, está se investindo nessa escola de joalheria”.

A consultora Regina Machado lembrou, ainda, que a experiência do Programa Polo Joalheiro do Pará é um ‘case’ de sucesso: “Se você pede para uma pessoa fechar o olho e pensar na joalheria do Pará vêm muitas imagens. A joia do Pará é um tesouro e é um ‘case’ porque várias pessoas, várias missões de outras regiões vêm aqui para conhecer, entender como funciona a gestão. Isso é maravilhoso porque estimula e amadurece o processo criativo. Tem lugar mais chique para expor as joias que o Espaço São José Liberto?”, finalizou.

Ascom/Igama






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