A pesquisadora e diretora do Museu de Gemas Anna Cristina Resque falou sobre Muiraquitãs no auditório do Polo Joalheiro. FOTO: Renata Cunha. Igama/Divulgação |
A Semana dos Museus, alusiva ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio), foi uma realização do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Universidade Federal do Pará (UFPA), Museu de Geociências, Grupo de Mineralogia e Geoquímica Aplicada (GMGA) da UFPA e Espaço São José Liberto, que apoiam o evento no Estado. A programação abrangeu todos os museus brasileiros, reunindo a sociedade para discutir temáticas diversas.
No Pará, o evento foi organizado pelo professor Marcondes Lima da Costa, professor da Faculdade de Geologia do Instituto de Geociências da UFPA, e diretor do Museu de Geociências da UFPA, Suyanne Flávia Santos Rodrigues e Patrícia Silva Pinheiro. O ciclo de palestras do Polo Joalheiro contou com a apresentação de Marcondes Lima e Rosa Helena Neves, diretora do Espaço São José Liberto, financiado pelo Governo do Estado, via Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom).
Anna Cristina Resque, Marcondes Lima da Costa e Thaís Sanjad. FOTO: Renata Cunha. Igama/Divulgação |
FOTO: Ana Resque. Igama/Divulgação |
A pesquisadora mostrou vários tipos de muiraquitãs, de diversos formatos e cores, lembrando, ainda, que o objeto, um dos símbolos culturais do Pará, está representado na produção joalheira. Pulseiras, anéis e pingentes da primeira coleção de joias artesanais do Polo Joalheiro já retratam o amuleto de diversas formas. As joias estão expostas no Museu de Gemas do Pará, localizado no Espaço São José Liberto, que reúne um dos mais representativos e exclusivos acervos museológicos e arqueológicos do pais. O local expõe também 26 espécies, que formam a maior coleção do Brasil, acervo que deverá crescer, como revelou a pesquisadora, já que o governo do Pará adquiriu, recentemente, uma nova coleção de muiraquitãs.
Pingentes de muiraquitã do Polo Joalheiro. Foto: Igama/Divulgação |
“Existe uma discussão grande sobre o que é muiraquitã”, destacou Anna Cristina. A maioria dos relatos e publicações sobre o tema registra que eles foram confeccionados em jade (gema mineral) mais goma mineral verde, sua cor mais característica. Segundo ela, também há dificuldade em catalogar de maneira mais exata a procedência dos muiraquitãs por falta de registro mais específico de sua procedência, como o contexto histórico, que inclui, por exemplo, o registro de formações minerais de maior incidência nos locais onde foram encontrados os exemplares.
De tão admirado, o muiraquitã virou tema da escola de samba Imperatriz Leopoldinense no carnaval de 2012, “O Pará, o Muiraquitã do Brasil: sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia”. A pesquisadora analisou o muiraquitã dentro da homenagem que a escola de samba do Rio de Janeiro fez ao Pará, comparando o Estado ao muiraquitã, como símbolo de sorte para o Brasil. Ao mostrar trechos do desfile, ela destacou de forma positiva a escolha do tema e a homenagem, mas, de acordo com sua avaliação, a história, os mistérios e as lendas que envolvem o muiraquitã foram pouco ressaltados durante o desfile, que poderia ter abordado bem mais o misticismo que envolve o tema, focalizando, por exemplo, a lenda das amazonas.
Fivela criada pelo designer Ivam Silva. FOTO: João Ramid. Igama/Divulgação |
Como os muiraquitãs, o tema têm inspirado designeres do Polo Joalheiro, como Ivam Pereira Silva, que criou a Coleção “O Luxo e a Riqueza da Amazônia". O azulejo presente também nas louças portuguesas inspirou a designer Celeste Heitmann, que usou os fragmentos de um pratoque pertenceu a seu pai para compor o colar “Memória Afetiva”, inspirado na elegância, no estilo refinado e no modo de viver da sociedade paraense da época, no que diz respeito à arte decorativa: uma joia contemporânea que usou peças antigas para criar algo original.
Colar Memória Afetiva,criação de Celeste Heittman. FOTO:Rodolfo Oliveira. Agência Pará de Notícias |
Uma delas é a produção de réplicas de azulejos, com a utilização de argila e técnicas especiais de para completar as fachadas, o que evitaria a degradação deste patrimônio com ações equivocadas, como, por exemplo, pinturas feitas nos azulejos, ação registrada em fotos mostradas durante a palestra. A produção das peças artesanais, de acordo com a professora, já começou a ser feita no laboratório da universidade, mas em pequena escala, em um “processo bastante artesanal”, resultado de um projeto coordenado pelo professor Marcondes, denominado “Dos minerais aos novos materiais”, em que foram estudadas matérias primas locais.
“Agora está na hora da gente devolver isso para a sociedade, aplicando este conhecimento e tentando ver como podemos salvar estas fachadas”, afirmou a professora, acrescentando que há possibilidade da produção ser feita em Icoaraci, referência no estado em produção de cerâmica de argila. Ela adiantou que que, em junho próximo, as réplicas produzidas serão aplicadas pela primeira vez em uma edificação da capital: uma fachada que teve seus azulejos roubados. Por ser uma peça de relevo e difícil replicagem, a proprietária do imóvel procurou a UFPA.
Alunos e profissonais participaram das palestras no Polo Joalheiro. FOTO: Renata Cunha. Igama/Divulgação |
Thais também falou sobre a importância desta ação para o incremento do turismo paraense, já que a beleza dos azulejos portugueses despertam a atenção do mercado europeu, em especial o interesse que Portugal e França têm pela nossa cultura, herança destes países também. A cultura, um dos segmentos mais fortes do turismo paraense, faz parte das diretrizes do Ver-o-Pará, Plano Estratégico de Turismo do Pará, da Companhia Paraense de Turismo (Paratur), que tem como missão promover e divulgar o turismo paraense.
“É uma maneira de fazermos com que a nossa história e nossa cultura permaneçam porque a influência deles faz parte dessa cultura. Acho que, acima de tudo, precisamos manter a nossa história e, quando uma determinada sociedade tem a sua cultura valorizada, isso fortalece o turismo”, finalizou a professora.
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Ascom/Igama
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