Joias e artesanato do Pará serão expostos em Portugal

  O anel “Desabrochar”, com gema vegetal de açaí e prata, uma criação de Ivam Pereira, estará na exposição. FOTO Ocione Garçon
Joias, moda e artesanato do Polo Joalheiro do Pará poderão ser vistos na exposição “Cultura e Natureza: o Luxo do Design, Moda e Manualidades Amazônicas”, que faz parte da ampla e variada programação artística do “Encontro Luso-Brasileiro de Territórios Criativos”, evento que debaterá cultura, criatividade e desenvolvimento territorial, marcando o encerramento do Ano do Brasil em Portugal.

A exposição acontece de 7 a 09 de junho deste ano, no Espaço Brasil, em Lisboa (Portugal), situado no LX Factory, local em que a Funarte (Fundação Nacional das Artes) concentra a programação do encontro - uma iniciativa do Ministério da Cultura, por meio da Secretaria da Economia Criativa (SEC/MinC).

Já a exposição é uma realização da Secretaria da Economia Criativa, em parceria com o governo do Pará, por meio da Secretaria Especial de Estado de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à Produção (Sedip), Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).

Conferências e palestras integram a programação do encontro, que mostrará cases de territórios criativos do Brasil e de Portugal. Entre as experiências brasileiras, além do Espaço São José Liberto (Polo Joalheiro), representando o Pará e a Amazônia brasileira, Minas Gerais será representada pelo Polo Criativo da Zona da Mata Mineira.

Além da exposição, a experiência desenvolvida pelo Polo Joalheiro do Pará será apresentada por Rosa Helena Neves, diretora executiva do Espaço São José Liberto, e Airton Fernandes Lisboa, diretor de Desenvolvimento de Comércio e Serviço da Seicom. Eles falarão sobre o tema “Programa Polo Joalheiro do Pará/Espaço São José Liberto: o simbólico e o material da cultura – uma experiência de território criativo na Amazônia”.

O Espaço São José Liberto é reconhecido como um território criativo, que reúne um grupo de designers, mestres artesãos, ourives, fornecedores de matéria prima local e microempresários paraenses, sendo considerado referência na área de economia criativa pelo MinC. O espaço, desde 2002, ano de sua inauguração, desenvolve atividades que integram setores criativos, como artesanato, joalheria, moda, design, gastronomia, música, teatro, literatura e patrimônio cultural.

Bolsa "Cuia de Cupuaçu", criação de Argemiro Münoz e produção da empresa Joia Artemiro. FOTO: João Hamid
Bolsa "Batuque", criada por Mizael Lima e produzida por Simonni Assunção. FOTOS: João Ramid
Sentido da cultura - Sobre a participação do Polo Joalheiro do Pará no encontro, Cláudia Leitão, secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura (SEC/MinC), informou que é preocupação da SEC formular políticas para os territórios e arranjos produtivos, entendendo e ampliando o sentido da cultura para as criações funcionais, que incluem setores criativos que o Espaço São José Liberto trabalha. Setores que, segundo ela, estão diretamente ligados à Secretaria de Economia Criativa, que coordena quatro setoriais no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC): artesanato, arquitetura, design e moda.

“Conhecer o trabalho do São José Liberto, para nós, foi uma surpresa e satisfação. Uma surpresa porque não se imaginava, de certa forma, que já tivesse chegado a tal qualidade, a tal perfeição o trabalho que é realizado, hoje, por essa instituição tão importante para o Brasil. E dar visibilidade para isso é minha tarefa. É uma responsabilidade nossa divulgar e promover encontros de possíveis promoções de negócios, feiras, enfim, de apresentarmos, em Portugal esse território criativo paraense, que tem qualidade para estar presente em qualquer loja de exposição e vitrine do mundo”, destacou Cláudia Leitão.

O “Encontro Luso-Brasileiro de Territórios Criativos” integra a programação de encerramento das atividades do “Ano do Brasil em Portugal/Ano de Portugal no Brasil”, que tem como comissários gerais Antônio Grassi, presidente da Funarte (Brasil), e Miguel Horta, presidente da Fundação Luso-Brasileira (Portugal).
Cláudia Leitão e Rosa Helena Neves. FOTO: Manoel Pantoja - Ascom Igama Divulgação
Airton Lisboa Fernandes explicou que a palestra abordará as iniciativas do governo do Pará voltadas à economia criativa, às políticas de economia solidária e os planos para inserção econômica das populações de baixa renda. É uma oportunidade, segundo ele, de divulgação da diversidade de recursos naturais da Amazônia, hoje, “quando tanto se fala em sustentabilidade, preservação de recursos naturais e na própria cultural local”.

“Vamos aproveitar a oportunidade para mostrar um pouco do ambiente do Pará: nossas potencialidades com a diversidade e a abundância de recursos naturais, sua exploração, sua verticalização, o esforço do governo do Estado em atrair novos investimentos para agregação de valor e, assim, gerar emprego e renda. O que queremos passar para o outro continente é o que temos de bom aqui para ser explorado e a boa vontade do governo de aceitar quem vem para aqui se estabelecer”, explicou Airton, ressaltando que a Seicom foi criada para receber investidores, ordenar e fortalecer a produção local, envolvendo, inclusive, ações de apoio às políticas da economia solidária e criativa, representadas pelo Polo Joalheiro.

Anel e bracelete "Cortadoras", uma criação da designer Rosa Castro. FOTO: Ocione Garçon
Inovação – Serão expostas 40 peças, dentre bolsas, brincos, anéis, gargantilhas, maxi colares, braceletes, pingentes, terços, prendedores de gravata, broches e peças de artesanato de tipologias diversas. Os expositores fazem parte dos setores criativos do design, da joalheria, manualidades, moda e artesanato, que integram o Polo Joalheiro do Pará.

Rosa Helena Neves disse que o acervo de joias e acessórios de moda da mostra é uma coletânea que agrega peças de diversas coleções lançadas pelo Espaço São José Liberto, que tiveram consultoria da jornalista e consultora de Moda e Estilo Cristina Franco, da designer Regina Machado, consultora de Estilo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), e de Rosângela Gouvêa Pinto, coordenadora do curso de Design da Universidade do Estado do Pará (Uepa).

“Coube aos designers e mestres artesãos a complexa tarefa de criar e produzir verdadeiras obras de arte atemporais, que harmonizam a cultura, a natureza e o homem para a difusão da beleza”, frisou Rosa Helena Neves, que assina a curadoria da exposição juntamente com Clarisse Fonseca, curadora do Igama.

As obras que serão expostas agregam técnicas inovadoras, como a incrustação paraense (técnica especial de ourivesaria também chamada de “incrustação a frio”, desenvolvida pelo ourives Joelson Leão) e a utilização de gemas vegetais associadas às gemas minerais. Rosa Helena falará, no encontro, sobre estas e outras técnicas e experimentações desenvolvidas por profissionais que integram o Polo Joalheiro.

Ela destacou o aproveitamento de lentes de óculos CR19, inovação da designer Lídia Abrahim e da empresária Ana Maria Oliveira, que têm aprimorado o processo de reciclagem, que alia a beleza dos metais ao colorido das lentes. Já as gemas vegetais, criadas pelo artesão, pesquisador e mestre ourives Paulo Tavares, são uma nova possibilidade de agregar valor às joias.

Pingente "Fada Rosa", com lentes CR19, uma criação da designer Lídia Abrahim, com produção de Hanna Mariah. FOTO: Ocione Garçon
As gemas vegetais são criadas a partir de matéria prima natural, como cascas, folhas, flores, frutos e raízes, por meio de um processo que prima pela sustentabilidade, com aproveitamento de resíduos descartados pela natureza ou pelo homem. Cada vez mais incorporadas ao trabalho de designers, artesãos e universitários paraenses, elas têm chamado a atenção também de pesquisadores e designers do fora do Estado e do exterior.

“As gemas vegetais, que são uma novidade no mercado, nascem de produtos extraídos das árvores e têm a proposta de gerar emprego e renda para pessoas de comunidades do interior do Estado, pois é nesses locais que se encontra essa matéria prima. Com isso, estamos buscando sustentabilidade econômica, social e ambiental”, disse Tavares.

Além das gemas vegetais e das lentes, os materiais utilizados para confeccionar as joias, acessórios de moda e manualidades da exposição foram metais nobres (ouro e prata), gemas minerais naturais e orgânicas, azulejos, porcelanas e matérias primas orgânicas, como ouriço de castanha, chifre de búfalo, casca de árvore, casca de cupuaçu, madrepérola de rio, escamas de peixe e madeiras, como coração de negro, angelim pedra, pupunheira e sucupira, além de fibra de tururi e outras fibras da Amazônia.

A exposição do Polo Joalheiro do Pará conta, ainda, com apresentação de João Jesus de Paes Loureiro, paraense de Abaetetuba, escritor, poeta, professor universitário mestre em Teoria da Literatura e Semiótica, pela Pontifícia Universidade Católica (PUC)/Universidade de Campinas (Unicamp)/São Paulo e doutor em Sociologia da Cultura pela Sorbonne (França).

Confira, abaixo, a programação completa do encontro:

 Ascom/Igama


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