Amazônia Jornal destaca trabalho desenvolvido pelo Polo Joalheiro do Pará

FONTE: Amazônia Jornal - Caderno Cidades - Edição de 19/05/2013 
  
 Cresce mercado de joias
  Produto paraense tem diferencial no acabamento e na técnica desenvolvida para usar grafismo marajoara

O mercado de joias no Pará se expandiu nos últimos anos. A grande referência quando se fala em produção e criação de joias no estado é o Polo Joalheiro do Pará, que funciona no Espaço São José Liberto, no bairro da Cidade Velha. O espaço agrega em um mesmo local qualificação, venda e cultura. A produção da joia é artesanal e única, bem diferente da produção industrial e em larga escala.

Os preços das joias na Loja Incubadora do São José Liberto variam de R$ 30 a R$ 8 mil. Elas são confeccionadas em prata ou ouro e gemas, minerais ou vegetais. O coordenador comercial do local, Thiago Albuquerque, explica que ocorreu uma mudança em quem compra as joias no estado. Antes, elas eram vistas como artigos para turistas. Hoje, os próprios moradores têm procurado as joias. Isso comprava a expansão do mercado de joias no Pará. O crescimento de 2011 para 2012 foi de 37% e no 1º quadrimestre de 2013 foi de 17% em relação ao mesmo período do ano passado. Ele ainda explica que há 4 anos o público local representava apenas 12% das vendas, hoje é de 30%. Segundo ele, a porcentagem está crescendo.

O espaço também oferece vários cursos de capacitação e possui a escola Rhama, um centro de formação profissional particular, que funciona no mezanino do Espaço São José Liberto e oferece cursos de joalheria básica e avançada. O mestre ourives, Ramirez Garcia, 49 anos, responsável pela escola Rhama, comenta que muitas pessoas têm se interessado em aprender a profissão. Ramirez tem 25 anos de profissão, sendo que há dez anos é responsável pela escola. Foi ele que levou o projeto para o Polo Joalheiro. Segundo ele, as aulas são para quem não sabe nada sobre a produção de joias até para design que desejam saber como produzir uma joia. "Conhecer o processo de criação e fabricação de um joia é essencial para quem deseja ingressar nesse mercado de trabalho. Além disso, muitos que passaram pela escola viraram empreendedores. Abriram loja própria. Essa área está crescendo bastante, mas há pouca mão-de-obra. É uma profissão difícil por exigir conhecimento e a pessoa deve saber fazer bem uma joia", comenta o ourives.

O filho de Ramirez, Thiaraju Helio Gomes, 25 anos, também faz parte da escola Rhama. Ele apreendeu com o pai as técnicas desse trabalho. "Eu cresci vendo meu pai trabalhar em casa na oficina. Sempre quis aprender, mas ele disse que eu devia estudar. Com 18 anos, ele decidiu me ensinar. Eu comecei fazendo pequenas peças para amigos e hoje faço joias para quem solicita. Claro, o design entrega a foto do que deseja e nos confeccionamos. Tudo conciliando com os meus estudos do pré-vestibular. São várias etapas para se fazer uma joia. Dá trabalho. Tudo depende do que a pessoa deseja", explica o jovem.

A ourives Sofia Raiol da Silva, 28 anos, aprendeu a fabricar joias na escola Rhama. Ela comenta que o mercado é bom, mas falta gente capacitada. Ainda explica que consegue uma boa renda com a fabricação das joias. "Essa não é uma profissão qualquer. É um profissão passada de pais para filhos ou, no meu caso, de tio para sobrinha. É algo de família. Eu sempre quis aprender. Soube que aqui ensinava e fui contratada para trabalhar no polo joalheiro. A escola é referência no norte e nordeste", afirma.

Talento será mostrado em evento na Europa


A joalheria artesanal do São José Liberto é referência no Brasil e no mundo pelo trabalho de fomento no setor produtivo de gemas, joias e artesanato, segundo explica a diretora executiva, Rosa Helena Nascimento Neves. Segundo ela, o reconhecimento veio com o destaque no "Encontro Luso-Brasileiro de Economia Criativa para o Desenvolvimento Territorial", que será realizado em Lisboa (Portugal), nos dias 7 e 8 de junho de 2013, no Espaço Brasil, administrado pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), numa realização do Ministério da Cultura (Minc), por meio da Secretaria de Economia Criativa. "Apenas duas experiências brasileiras e duas portuguesas serão apresentadas durante o evento que marca o encerramento das atividades do "Ano do Brasil em Portugal/Ano de Portugal no Brasil. Isso é o reconhecimento da importância do polo para o mundo", afirma a diretora.

O ponta pé inicial para a abertura desse mercado de joias no Pará foi a criação do Programa de Desenvolvimento do Setor de Gemas e Metais Preciosos do Pará, em 1998. Ele é gerenciado no espaço São José Liberto desde 2002. Segundo a diretora, o local é referência cultural, turística, comercial e do patrimônio arquitetônico de Belém. Rosa Helena explica que o Programa foi fundamental para o fortalecimento e fomento do setor de Gemas, Joias e Metais Preciosos no Estado do Pará. Ele é mantido pelo governo estadual, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), tendo como gestor o Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama). O local é referência ainda pelas ações de qualificação e acesso a novos mercados para designers, ourives, lapidários, artesãos e produtores de embalagens artesanais.

"De acordo com as ações previstas no Programa Polo Joalheiro do Pará, a qualificação profissional é um eixo estratégico para alavancar o processo de profissionalização do setor joalheiro, desde a implantação do Programa. São vários objetivos: formar mão de obra especializada para atuação na produção de joias, contribuir para a melhoria da qualidade dos produtos gerados; oportunizar a geração de ocupação, trabalho e renda".

Evolução do MERCADO DA JOIA PARAENSE

 2011 a 2012 crescimento de 37%

 1º quadrimestre de 2013 crescimento do 17%

 Público em quatro anos crescimento de 12% para 30%

Fonte: Loja Incubadora São José Liberto

Segredo das peças está na lapidação e uso da matéria-prima mineral

Três características das joias fabricadas no Pará chamam a atenção de quem decide comprar na cidade. A primeira técnica é a lapidação diferenciada com grafismos marajoaras. Ela foi desenvolvida pela lapidária Leila Salame. A segunda é a incrustação paraense, uma técnica especial de ourivesaria também chamada de "incrustação a frio" e que foi desenvolvida pelo ourives Joelson Leão. A técnica consiste em utilizar pó de gemas e de diversos materiais orgânicos em um procedimento que aproveita a matéria-prima mineral, obtendo resultados especiais de coloração, agregando novos materiais e substituindo a esmaltação.

A última característica destacada por Rosa Helena é a das gemas vegetais, criadas pelo artesão, pesquisador e mestre ourives Paulo Tavares. Ela é criada a partir de matéria natural, como cascas, folhas, flores, frutos e raízes.

"Trata-se de uma joia projetada, cuja produção é artesanal e tem como inspiração a cultura amazônica no seu mais amplo conceito. É uma joia com um design que agrega os valores da cultura local e os valores da sustentabilidade, que tem uma trajetória de inovação em função do design". Anualmente, são produzidas quatro coleções coletivas de joias, sendo uma destas coleções com tema religioso, que é a exposição "Joias de Nazaré", alusiva ao Círio. As joias são produzidas em ouro e prata com gemas minerais e orgânicas. No local, o cliente escolhe o que agradar o seu gosto.

FONTE: http://www.orm.com.br/amazoniajornal/interna/default.asp?modulo=222&codigo=647605

Ascom/Igama




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