Profissionais da Itália conhecem a joia artesanal do Pará no São José Liberto



Uma palestra no auditório do Espaço São José Liberto integrou programação
O intercâmbio cultural entre o Pará e a Itália, patrocinado pela empresa Alubar, com o objetivo de fortalecer a relação entre a Academia de Belas Artes de Bolonha e o Projeto Cultural Casa Rosada, que também conta com a parceria da Alubar, proporcionou a visita de cinco profissionais italianos, entre designers de joias e críticos de arte, ao Espaço São José Liberto, na tarde de quarta-feira (31).

Recebido por Airton Lisboa, diretor de Comércio e Serviços da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), e Rosa Helena Neves, diretora executiva do Espaço São José Liberto, o grupo conheceu um pouco da experiência do Programa Polo Joalheiro do Pará e do funcionamento do São José Liberto, trabalho que conta com o apoio do Governo do Estado, por meio da Seicom.

Carmem Lorenzetti, Beatrice Buscaroli, Maurício Giuffredi, Emanuela Bergonzoni e Rosella Piergallini, participarão até o próximo domingo (4) de extensa programação em Belém, que inclui conferências, visitas técnicas e demais ações, que deverão resultar em um programa de intercâmbio cultural entre Belém e Bolonha. No Espaço São José Liberto, a comitiva conheceu o Museu de Gemas do Pará, o Jardim da Liberdade, a Cela Cinzeiro (memorial), a Casa do Artesão, o Coliseu das Artes e algumas lojas do Polo Joalheiro.

Por meio do Projeto Casa Rosada, a Alubar, em parceria com setores da iniciativa pública e privada, pretende ampliar o conhecimento sobre o arquiteto bolonhês Antonio José Landi, que, no século XVIII construiu verdadeiras obras de arte, que fazem parte da história arquitetônica da capital paraense, como a Catedral de Belém, a Igreja de Santana e o Palácio Lauro Sodré, onde hoje está instalado o Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP).

No São José Liberto, os italianos também foram acompanhados por um tradutor e consultor da área internacional, Paolo Carlucci, por técnicos da Alubar e do Igama. Airton Lisboa, representante institucional da Seicom e presidente do Conselho de Administração do Igama, participou do encontro, e avaliou que esta iniciativa pode resultar em parcerias futuras entre instituições de ensino e pesquisa, de caráter internacional, empresas privadas locais e Governo do Estado, aperfeiçoando o Programa Polo Joalheiro do Pará (criado em 1998 pelo governo estadual) e o trabalho desenvolvido no Espaço São José Liberto (inaugurado em 2002).

“Todo agente público deve entender a academia como indutora do desenvolvimento econômico e social”, disse Airton Lisboa.

Emanuela (à esquerda) e Rosella observam as joias do Polo Joalheiro do Pará   
JOIAS – O trabalho do Polo Joalheiro do Pará chamou a atenção, em especial, de duas professoras e designers: Emanuela Bergonzoni e Rosella Piergallini. Professora de Fashion Design e titular do Departamento de Artes Visuais da Universidade de Bolonha, Rosella diz ser artista visual por influência de sua mãe, que possui um atelier em Bolonha, local onde ela começou a trabalhar com joias.

Rosella Piergallini destacou que o Programa Polo Joalheiro trabalha com uma visão ampla e uma boa comunicação com o restante do país e o exterior. Ela contou que já conhecia alguns dos materiais trabalhados pelos designers paraenses, já que Bolonha importa gemas do Brasil, como quartzos e ametistas.

O Espaço São José Liberto, segundo a professora, é uma obra prima de grande valor, que enaltece a riqueza cultural do paraense. O trabalho artesanal de criação e confecção das peças, que envolve toda a cadeia produtiva das joias, segundo Rosella, é um saber que será repassado para as novas gerações. “Estou muito impressionada com o projeto e com o espaço, que é belo”, afirmou.

Para Emanuela Bergonzoni, eco-design de joias e professora de Design de Acessórios do curso de Fashion Design da Universidade de Bolonha, o trabalho desenvolvido pelos ourives, designers, artesãos, lapidários e produtores do Polo Joalheiro é muito interessante. “Do meu ponto de vista crítico, o trabalho mostra a potencialidade destes profissionais. É uma estrutura muito profissional, feita com seriedade e organização. O nível é muito alto, o que é difícil de se ver por aí. Esse trabalho artesanal feito aqui é um modelo mais do norte da Europa”, observou a professora, que tem cerca de 30 anos de experiência no setor joalheiro. Segundo ela, o intercâmbio com Belém é uma troca de experiências muito rica para todos.

Carmem Lorenzetti, professora de História da Arte Contemporânea, que proferiu palestra sobre a história e a arte de Bolonha, na tarde de quarta-feira (31), na Casa da Linguagem, também elogiou o projeto do São José Liberto. “É muito interessante. É um espaço polifuncional, que sabe como defender suas competências e que tem um papel importante na sociedade, pois procura inserir as pessoas no mercado de trabalho. Aqui há um diálogo entre cultura e sociedade”, destacou ela.

Beatrice Buscaroli, especialista em História da Arte pela Universidade de Bolonha e professora da Academia de Belas Artes de Bolonha, também vai ministrar palestra com o tema “Antônio Landi: um bolonhês na Amazônia”, na tarde desta quinta-feira (1), no Museu da Universidade Federal do Pará.

Visitantes conversam com a designer Selma Montenegro, da loja Montenegro's, durante visitação ao Polo Joalheiro
MODELO – Durante sua exposição, no auditório do São José, Rosa Helena Neves ressaltou que o Programa Polo Joalheiro é “um exemplo de política pública continuada, cuja origem foi pautada na transversalidade, integrando setores como turismo, cultura, design, geração de trabalho e renda, sob a lógica da economia criativa”.

Airton Lisboa observou que o Programa Polo Joalheiro também busca a inserção econômica, cultural e social, dentro da verticalização mineral que o Governo do Estado vem implantando. Os visitantes ouviram as explicações de Rosa Helena e pediram mais detalhes sobre os workshops de geração de produtos, que o Polo organiza durante as preparações para a criação das novas coleções. “Nossa experiência é com a joalheria artesanal, semi-industrial, que valoriza ícones da cultura amazônica, tanto os bens materiais como os imateriais, como prédios históricos, o Círio de Nazaré e a natureza”, resumiu a diretora do Igama.

CASA ROSADA - O arquiteto italiano Antônio José Landi, em Belém, adaptou seu estilo bolonhês, sua região de origem, às condições climáticas da Amazônia, para construir verdadeiras obras de arte. Landi começou o intercâmbio entre Pará-Itália, que hoje tem continuidade através de iniciativas, como o Projeto Cultural Casa Rosada, nome da edificação atribuída ao arquiteto por diversos estudiosos, localizada no bairro da Cidade Velha.

Em dezembro de 2011, a Casa reabriu suas portas, após a revitalização financiada pelo Grupo Alubar, que desenvolve nesta semana em Belém mais uma troca de conhecimentos e experiências, disponibilizando para as cidades de Belém e Bolonha uma troca cultural, que começou ainda na revitalização da Casa, quando foram convidados profissionais italianos para pintar a Sala Bolonha.

As obras foram executadas com a assessoria técnica do Fórum Landi, grupo da Universidade Federal do Pará que trabalha com o objetivo de desenvolver pesquisas sobre a história da Amazônia e realizar estudos e ações sobre o legado artístico e arquitetônico de Antonio Landi.

A Casa Rosada é uma edificação do século XVIII, cujas linhas arquitetônicas exteriores permanecem praticamente inalteradas. A Casa possui, no seu andar térreo, portas e janelas com molduras elaboradas. Portais trabalhados, gradis de ferro e largos beirais, que também compõem a edificação, dão um ar de requinte ao prédio. A autoria da Casa Rosada é atribuída a Antonio José Landi por diversos estudiosos. Dentre eles, a portuguesa Isabel Mendonça, a maior estudiosa sobre a vida e a obra do arquiteto.

Ascom/Igama (com informações da Assessoria de Comunicação Alubar Cabos e Metais)

FOTOS: ELISEU DIAS/Agência Pará     




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