Colar Vita Opressa, criação de Bárbara Müller. FOTO: divulgação Bijoux D'Autor |
As profissionais paraenses foram selecionadas entre 90 inscritos, por dois júris – um técnico científico e outro de observadores, formados por 14 jurados. Os vencedores serão anunciados entre 22 e 25 deste mês, período em que as peças participarão da exposição na capital italiana.
Sob a coordenação de Norma De Lucia, o concurso é promovido pela Associação Incontri e Eventi, sediada em Roma, responsável por concursos e exposições de artesanato e obras de arte. Segundo os organizadores, o “Bijoux d’Autore” valoriza os aspectos criativo, artístico e artesanal das peças inscritas.
O objetivo é estimular a confecção de peças com design e baseada em pesquisa de materiais, além de revitalizar estilos e materiais utilizados nas bijuterias, que são ornamentos antigos, mas sempre se renovam de acordo com as tendências e descobertas do mercado da moda.
A gema vegetal de açaí, criação de Paulo Tavares, é destaque do pingente Curuatá. FOTO: divulgação Bijoux D'Autore |
LIBERDADE - Segundo Mônica Matos, participar do concurso foi a possibilidade de fazer uma peça com tema livre, usando materiais não preciosos – um dos critérios do concurso. Ela é autora do pingente “Curuatá”, nome do invólucro que protege os frutos das palmeiras e também serve de recipiente para índios e ribeirinhos, que colocam dentro dele os frutos coletados na floresta.
Na peça – que traz ainda cobre e fibra de miriti, tingida com pigmento extraído do mogno -, o fruto principal é o açaí, representado por uma gema vegetal feita do pigmento natural extraído do fruto. As gemas vegetais resultam de pesquisa e experimentos feitos pelo ourives Paulo Tavares, também vinculado ao Polo Joalheiro do Pará.
Para Mônica Matos, a seleção no concurso internacional “é muito significativa, pelo fato de 14 jurados italianos terem considerado as nossas peças merecedoras dessa seleção, principalmente diante do alto nível das peças que participaram”.
Colar Beira de Rio, da designer Marcilene Rodrigues. FOTO: divulgação Bijoux D'Autore |
A designer Marcilene Rodrigues, natural de Itaituba (oeste do Pará), viu no concurso um desafio e uma oportunidade para divulgar seu trabalho e a cultura paraense. Para ela, o estímulo para participar está em todas as etapas do processo, “desde a inspiração da obra até a escolha da matéria prima , das cores e da própria confecção”.
CRIATIVIDADE E OUSADIA - Marcilene assina o colar “Beira de rio”, inspirado nas margens de rios e lagos do Arquipélago do Marajó, onde a mata ciliar convive de forma harmônica com o homem e animais, principalmente os búfalos. E o chifre de búfalo, verdadeiro símbolo dos campos marajoaras, é um dos elementos usados no colar, junto com a fibra de tururi (também encontrada no Marajó), tingida em tons terrosos, verde e azul.
“Esse reconhecimento é importante. O Brasil é diversidade pura, de uma riqueza cultural fantástica, e o Pará é um dos Estados mais genuínos. Somos ousados e criativos. Mostramos o quanto estamos nos aprimorando, ganhando um olhar de respeito sobre o nosso trabalho e a nossa cultura”, ressalta Marcilene Rodrigues.
Com samambaia seca, fibra de buriti, semente de paxiubão e tela de arame, a designer Bárbara Muller criou o colar “Vida Oprimida”. Segundo ela, o concurso valoriza as peças não apenas como joias ou adornos, mas como objetos de arte. Bárbara acredita que a matéria prima diferenciada e a inspiração no cenário amazônico contribuíram para destacar os trabalhos das designers paraenses.
Ousadia também não falta ao trabalho de Nilma Arraes, uma das veteranas do Polo Joalheiro do Pará. Nilma, que retira da biodiversidade da Amazônia a inspiração e os materiais que utiliza em suas peças, utilizou fibra de curauá e escama do peixe pirapema (espécie abundante no norte e nordeste do Brasil) na confecção de um maxicolar, denominado “Piracema”.
Colar Escamas, de Nilma Arraes. FOTO: divulgação Bijoux D'Autore |
“Trabalhei com a tendência dos maxicolares, visando também o local onde o concurso seria realizado. Com isso selecionei o material com os quais gosto de trabalhar, e optei pelas escamas”, conta Nilma, para quem participar de um concurso internacional é “muito representativo, pois mostra resultados de trabalhos que vêm sendo realizados pelo Programa de Gemas e Joias do Estado do Pará”.
O concurso internacional “Bijoux d’Autore” não oferece premiação em dinheiro. Os vencedores ganham a divulgação de seus trabalhos para o público europeu, por meio das exposições das peças, além de entrevistas concedidas a um crítico e historiador da arte, escolhido entre os membros do júri. Nesta primeira edição internacional, o concurso selecionou trabalhos enviados de vários pontos da Itália, como Milão, Firenze, Gênova e Torino, e de outros países, como Brasil e Venezuela.
As peças selecionadas já estão disponíveis no site dos promotores do concurso - http://www.incontrieventi.it/bijoux-dautore.html
Ascom/Igama
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