Coleção Anima Mundi retrata em joias o simbolismo da serpente

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Na Amazônia, a imagem da serpente se reflete no traçado dos rios que cortam a floresta e no imaginário do povo, que vê na Boiúna e na Cobra Norato fortes elementos das lendas e mitos que caracterizam a região. A serpente também é símbolo universal, cultuado desde o Egito antigo até os dias atuais, como um dos integrantes do horóscopo chinês.

Na noite de quinta-feira (09), no Espaço São José Liberto, passado e presente se fundiram, trazendo a serpente para o mundo da joalheria, na coleção “Anima Mundi”, formada por 42 peças. Lançada em um desfile assinado pelo produtor de moda Diogo Carneiro, a coleção se destacou pelo luxo e pelas dimensões das peças – colares, brincos, anéis e pulseiras volumosos, que encheram de glamour a segunda noite da VII Pará Expojoia – Amazônia Design.

Criação – Todo o processo de criação da coleção Anima Mundi (Alma do Mundo, em latim), foi desenvolvido durante o III Workshop Internacional de Design e Ourivesaria, realizado em agosto no Espaço São José Liberto, numa promoção do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/PA).

O workshop trouxe a Belém dois renomados profissionais da Escola de Joalheria de Roma, na Itália. Stefano Ricci, arquiteto e designer de joias, e Cláudio Franchi, mestre ourives e crítico de arte, ambos responsáveis pela criação e confecção do Anel do Pescador, usado pelo Papa Bento XVI.

Segundo Stefano Ricci, a imagem da serpente foi um dos muitos símbolos abordados com os participantes durante o workshop. “Para um designer italiano aprofundar as relações entre formas aparentemente semelhantes é a norma, levando por este caminho contínuo à criação de seu próprio e estilo”.

Stefano e Claudio Franchi decidiram, então, “aprofundar as relações entre experiências naturais e artificiais – a cobra como animal de estimação, uma seqüência de rios sinuosos da Amazônia, estimulando em sala de aula uma análise crítica constante da serpente”.

Originalidade - Para os dois profissionais italianos, o primeiro passo para chegar ao trabalho de criação das joias foi debater com os designers do Polo Joalheiro a importância de o símbolo ser transformado em objeto de beleza e desejo. Somente após este estudo, ressaltou Ricci, foi possível entender como superar “a lógica da imitação e buscar a originalidade, tateando o caminho difícil, sem cair no óbvio”.

Ao criar uma joia o designer precisa ter consciência de que seu trabalho se destina a “estimular o desejo de conhecer a história. Só desta forma um designer pode construir um sonho”, afirmou Stefano Ricci, que entre seus trabalhos está uma coleção de joias inspirada na arquitetura da Rússia.

Para ele, o III Workshop Internacional de Design e Ourivesaria foi uma evolução ao trabalho iniciado no Polo Joalheiro do Pará em 2008. “Essa evolução está na transferência progressiva do conhecimento da cultura do design, que este ano viu a intensificação do estudo dos elementos da cultura marajoara”, frisou.

“Alma do Mundi é um termo filosófico utilizado pelos platônicos para indicar a vitalidade da natureza na sua totalidade, assimilada a um organismo vivo”, escreveu Cláudio Franchi em seu texto de apresentação do catálogo da coleção, um projeto gráfico da empresa Casa Brazilis Design.

Segundo Rosa Helena Neves, diretora executiva do Programa Polo Joalheiro, a coleção Anima Mundi “é resultado de um trabalho de qualificação profissional inovador, realizado pelo Estado do Pará, sob a coordenação de Stefano Ricci e Claudio Franchi. Uma trajetória, materializada nos Workshops Internacionais de Design e Ourivesaria, que iniciou em 2008 e prosseguiu em 2009 e 2010” .

A coleção Anima Mundi, disse ela, retrata o compromisso dos professores italianos com a difusão da percepção da joia como história e memória de um determinado lugar. “Essa difusão tem como referência a inovação nos modos de criação e produção joalheira. A ‘Alma da Amazônia’, com inovação e tradição, ultrapassa desafios que poucos artistas e designers conseguem alcançar. Stefano Ricci e Claudio Franchi mostram nessa coleção, por meio dos designers e ourives do Pará, que isto é possível”, acrescentou Rosa Helena Neves.

Artistas - A coleção Anima Mundi estará exposta à visitação até o encerramento da Pará Expojoia no domingo (12), apresenta trabalhos de designers e ourives das empresas HS Criações, Danatureza, Brilho da Amazônia, Amorimendes, Sila Brasila e L& B Joias, além de profissionais da Loja UNA, administrada pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).

Foram criadas as peças “Dona da Noite”, por Nilma Arraes; “Maré”, Eri Jr.; “Cipó”, Joseli Limão; “Emoção”, Rosa Leal; “Escamas”, Eri Jr.; “Marcas”, Michelle Rodrigues; “Envolvente”, Júlia Mendes; “Poesia, Poesia I e Poesia II”, Marcilene Rodrigues, com a participação do ceramista Josué Pereira; “Paixão Amazônica”, Fábio Monteiro; “Hipnótico”, Mizael Lima; “Labirinto”, Eri Jr.; “Sedução Amazônica”, Celeste Heitmann; “Simetria”, Ivam Silva; “Sucuri”, José Lucas; “Serpente”, Rosaurea Cunha; “Rainha de Belém”, Helena Bezerra; “Paixão”, Rosa Leal; “Tramas da Amazônia”, Leila Salame, e “Vacina”, Júlia Mendes.

Ascom/Igam




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