Flores amazônicas inspiram designers do Polo Joalheiro na criação de peças exclusivas


                                    Designers do Polo Joalheiro do Pará criaram joias comemorativas aos 400 anos de Belém. 
Foto: Rodolfo Oliveira - Ag. Pará. 

Quando se fala em produtos típicos do Pará, pensamos nas frutas, artesanato e comidas, mas o Estado tem outras marcas que também levam a identidade paraense a qualquer lugar. As joias do Pará atraem atualmente os olhares do mundo, seja pela qualidade dos metais e gemas ou pela apurada técnica de fabricação e design que dão a cada peça uma identidade única. Um negócio que vem gerando divisas e colocando os artesãos e designers paraenses em lugar de destaque no cenário internacional.

Dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) apontam que o mercado de joias é responsável por movimentar, atualmente, US$ 160 bilhões por ano no mundo, US$ 30 bilhões só no Brasil, o que faz do País o 15º na produção mundial. No cenário nacional, o Pará é responsável por 40% do mercado brasileiro de joias e gemas. 

Desde a criação do Polo Joalheiro do Pará, em 1998, toda a cadeia ligada à produção de joias, sobretudo a relacionada à capacitação de ourives e designers, tem sido valorizada e recebido investimentos do governo do Estado.

A empresária Helena Bezerra, que tem uma loja no Espaço São José Liberto, participa das atividades de capacitação do Polo Joalheiro. Com mais de dez certificações, ela foi a primeira mulher ourives capacitada pelo polo. Depois de se aprofundar na área, tornou-se designer formada, cujas peças, únicas, são valorizadas não apenas pelo material usado, mas pelo conceito aplicado, que expõe a identidade amazônica em cada detalhe. Um exemplo é a linha de joias criadas a partir das formas e cores das flores tropicais amazônicas.

Designer Helena Bezerra, do Polo Joalheiro do Pará.
Foto: Rodolfo Oliveira - Ag. Pará
“Em 2008 comecei a pesquisar as flores e em 2010 lancei esta coleção no mercado com a designer Lídia Abrahim. Durante a pesquisa, eu me apaixonei pelas flores helicônias, pelas cores e variedades. Inspirada no gesto de presentear alguém com flores, imaginei um presente que não morresse com o tempo. Decidi, então, eternizar esta beleza na forma de joias. Foi esta coleção que criou o diferencial da minha empresa dentro das várias que existem no polo. Além do desenho baseado nas flores, temos um trabalho único com a técnica de coloração feita com a esmaltação ou incrustação paraense”, diz Helena, que hoje finaliza a pós-graduação.

A maior paixão da designer é pintar as peças com a técnica desenvolvida durante as oficinas do Polo Joalheiro, usando um tipo de esmaltação conhecido entre designers, ourives e artesãos, em que a incrustação paraense usa cores de extratos naturais, o que possibilita um efeito mais vivo e duradouro nas peças.

“A pintura é uma das minhas paixões. Posso estar com o maior problema do mundo, mas se eu sentar e começar a pintar a minha coleção, sinto que os problemas acabam. Hoje as nossas peças têm grande reconhecimento do público, não só do Pará, mas de outros Estados e fora do país também”, afirma a empresária.

A ideia de unir joias e flores se consolida no evento que reunirá a chamada trilogia da sedução durante o IV Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia, Flor Pará e Festival de Joias, entre os próximos dias 22 e 25, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia. É a quarta vez os três eventos ocorrem simultaneamente. A ideia é fazer uma integração e mostrar ao público o potencial e o que há de melhor na produção das três áreas.

     Joias em ouro e prata, com gemas minerais, gema de Chocolate, azulejos portugueses, fibras e outras matérias-primas, serão mostradas, em alusão aos 400 anos da capital paraense, serão mostradas no festival. 
Foto: Rodolfo Oliveira - Ag. Pará. 

Profissionalização 

Este ano, o festival de joias apresenta como tema os 400 anos de Belém, com peças conceituais exclusivas criadas para o evento. Entre as inspirações para as coleções estão a porcelana dos azulejos portugueses, os detalhes dos lustres da Belle Époque e o antigo mercado de carne. Diversos designers foram chamados para assinar as peças, e para isso passaram por oficinas de contextualização, no Polo Joalheiro.

Rosa Helena Neves, diretora do Igama/ESJL.
Foto: Rodolfo Oliveira - Ag. Pará
“Além das capacitações constantes que criaram um mercado novo tanto para os profissionais das joias quanto para os consumidores, temos também a importância do festival. Neste evento agregamos turismo, cultura e produção de outros setores, que fazem parte do desenvolvimento econômico do Estado. Essa integração é muito importante. Hoje o mercado sobrevive disso. Quando pensamos em joias, não podemos imaginar um universo isolado. Pensamos em tecnologia, criatividade e cultura. O evento incrementa uma linha de desenvolvimento econômico contemporâneo”, define a diretora executiva do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama) e do Espaço São José Liberto, Rosa Helena Neves.

Entre o período de 2008 e 2014, o Espaço São José Liberto foi responsável pelo aumento, na região metropolitana, de 75% no número de profissionais e designers de joias e de 238% no total de micro e pequenas empresas formalizadas, além de ter contruído em 98% para o aumento do montante de empreendedores criativos no setor de artesanato de joias.

“A demanda cresce a cada ano. As pessoas vêm nos recebendo muito bem, e conseguimos vender todas as peças, e não apenas no festival, pois as nossas peças fazem parte de um catálogo criado pelo polo e conseguem visibilidade internacional. Somos gratos por todo apoio que o Governo do Estado tem dado no polo em cada oficina e workshop, como o mais recente, sobre as joias de Nazaré. Sempre precisamos aprender algo novo e nos atualizar. Vemos o resultado disso quando algum consultor de fora conhece o nosso trabalho e fica impressionado com nosso nível de capacitação e organização”, diz a designer Helena Bezerra.

Produção mineral

No outro lado da cadeia de produção de joias está a produção mineral. O Pará produz anualmente 20 toneladas de ouro – entre mercados formal e informal –, o que representa 70% do ouro produzido no Brasil. O minério vem principalmente das regiões de Carajás, Itaituba e do nordeste paraense. Além disso, o Estado também é um dos grandes produtores de gemas, principalmente quartzo, turmalina, quartzo rosa e ametista, entre outras 15 grandes gemas, usadas com frequência na fabricação dos mais diversos tipos de joias.

Para a Sedeme - responsável pelo Polo Joalheiro do Estado -, uma das iniciativas que devem fortalecer a produção de joias no Pará é a instalação de refinarias de ouro, responsáveis pela limpeza do mineral e aumento do grau de pureza, algo que agrega ainda mais valor no mercado.

Secretário adjunto da Sedeme, Eduardo Leão.
Foto: Rodolfo Oliveira - Ag. Pará
“Já temos um protocolo de intenções com uma mineradora para instalar uma refinadora de ouro em Belém. Hoje existem apenas cinco refinadoras no Brasil: duas em Minas Gerais e três em São Paulo. O ouro produzido em qualquer lugar do País vai para um desses locais e acaba agregando valor para o lugar onde ele é refinado, e não onde é extraído. Queremos mudar essa situação, pois a refinaria é o segundo passo da extração, responsável por produzir este ouro com 99,9% de pureza, que geralmente é comercializado diretamente para joalherias e bancos”, explica o secretário adjunto da Sedeme, Eduardo Leão.

Além da importância da refinaria para a produção de ouro no Pará, o secretário também destaca a importância da capacitação dos ourives no Estado. A arte que antes era passada de pai para filho se tornou uma profissão atualizada, constantemente, a partir da criação do Polo Joalheiro. No interior há diversas iniciativas, principalmente próximas às grandes áreas produtoras de gemas, para que os artesãos locais possam melhorar a técnica e começar a formalizar o trabalho por meio de micro e pequenas empresas, para a comercialização destas peças.

“O Polo Joalheiro surgiu com uma grande escola técnica dentro da área de lapidação, design, incrustação de gemas e joias no Pará. Temos a intenção de ampliar esta ideia para a criação de dois polos joalheiros, um em Parauapebas, para atender a região de Carajás, onde já existe um protocolo de intenções assinado com a prefeitura, e um em Itaituba, grande polo de produção de ouro e gemas no Estado. Todos são projetos previstos no plano plurianual, que já estão em andamento. Já temos os equipamentos e agora estamos na fase de escolha dos locais para a construção dos centros”, detalha Eduardo Leão.
Ourives do Polo Joalheiro em ação.
Foto: Rodolfo Oliveira - Ag. Pará
Gemas revelam a riqueza mineral do Estado e são comercializadas no São José Liberto. Foto: Rodolfo Oliveira - Ag. Pará
Serviço

O IV Festival Internacional do Chocolate e Cacau da Amazônia, Flor Pará e Festival de Joias ocorrem de 22 a 25 deste mês, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia (Avenida Doutor Freitas, s/n, Marco).

Por Diego Andrade

Fonte: Agência Pará de Notícias

Ascom Igama




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