Mostra reúne a diversidade do artesanato paraense e homenageia mestres artesãos


Exposição "A Arte dos Mestres". Foto: Igama Divulgação
O artesanato promove a geração de ocupação, trabalho e renda. No Brasil, historicamente, a atividade tem impulsionado a comunicação da diversidade cultural dos territórios, fortalecendo a identidade do povo brasileiro no mundo globalizado. Para homenagear esses profissionais, dando mais visibilidade a sua produção e técnicas artesanais, o Espaço São José Liberto promove, em parceria com o Parque Shopping Belém, a exposição “A Arte dos Mestres”, no hall de entrada do condomínio comercial, até o dia 23 de março, com entrada franca.
A mostra homenageia os mestres pelo seu dia, comemorado em 19 de março, dia de São José, considerado o padroeiro dos artesãos. Uma missa também faz parte da programação festiva e será celebrada na próxima quinta-feira, 19, às 18h, no Coliseu das Artes do Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n, Jurunas).
Com entrada franca, o público que visitar a exposição poderá obter mais conhecimento sobre os profissionais e suas áreas de trabalho. Para isso, foram selecionadas 36 peças de 26 artesãos que comercializam seus produtos na Casa do Artesão do São José Liberto, mantido pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) e pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), que promovem a exposição.
A iniciativa reúne artesanatos comercializados na Casa do Artesão do São José Liberto, principal vitrine local dessa expressão cultural, onde mais de 750 profissionais expõem e comercializam suas criações. Dentre as tipologias selecionadas para o evento estão produtos de origem mineral, vegetal e animal, tais como cerâmica, patchouli, balata, miriti, madeira, cestaria, adornos e instrumentos musicais indígenas.
Segundo Rosa Helena Neves, diretora executiva do ESJL, Polo Joalheiro do Pará e Igama, com o fortalecimento de ações para o desenvolvimento da economia criativa, o artesanato destaca-se por promover interfaces com o turismo e outros setores, colaborando com a preservação do meio ambiente e da cultura.
Diretora executiva Rosa Helena Neves,
Foto Cláudio Santos AG PARÁ 
Ela explica que a exposição faz parte das ações de promoção do artesanato paraense. “A mostra tem por objetivo possibilitar ao público o acesso à produção artesanal do Estado do Pará, destacando seus mestres autores por tipologia e segmentos trabalhados”, pontua a diretora executiva, lembrando que a Secretaria de Turismo (Setur) é grande parceira no incentivo à divulgação do artesanato paraense, levando o conhecimento do trabalho dos mestres paraenses em exposições e eventos no Brasil e em outros continentes.  
O acervo exposto no shopping compreende o artesanato tradicional paraense, de referência cultural e conceitual. Suas tipologias podem ser compreendidas pelas matérias-primas que os compõem, de origem mineral, vegetal ou animal. A cerâmica é um exemplo de artesanato mineral e as peças com chifres e ossos em sua composição, como os adornos, podem ser classificadas como artesanato de origem animal. Já os Encauchados Vegetais da Amazônia e o patchouli representam artesanato oriundo de vegetais.
As folhas do patchouli, herbácea da família das gramíneas, são utilizadas para confeccionar chapéus, mas é na raiz da planta que está seu grande atrativo. Dotadas de um perfume peculiar, quando secas, as raízes são utilizadas para a confecção de leques, bonecas, renas e ainda no preparo de "garrafadas". Misturadas a outras raízes e cascas de árvores igualmente perfumadas, as raízes dão origem ao famoso "Cheiro do Pará".
Essas e outras informações estão sendo compartilhadas com os visitantes no local da mostra, onde as recepcionistas informam sobre as categorias dos produtos artesanais, seus processos de produção, origem, composição, uso e acesso à compra, ressaltando os autores das obras expostas.  
Boneca de patchouli, criação da artesã Maria Silva.
Foto: João Ramid AIB
Beleza marajoara – Representativa do artesanato do Pará, a cerâmica é uma das expressões mais conhecidas do artesanato paraense. Caracterizada por traços simétricos e harmoniosos, pintura vermelha e preta ou até mesmo pela tridimensionalidade, dependendo da sua origem, a cerâmica conta a história de comunidades indígenas paraenses, como a produzida, na Antiguidade, pelos índios kondurise, no Baixo Amazonas, às margens dos Rios Nhamundá e Trombetas.

Produzido de forma rudimentar, em argila, e caracterizada pelo exuberância e variedade de produtos, o artesanato destaca-se nos seguintes tipos: Marajoara, Tapajônica, Maracá, Konduri e Contemporânea. A finalidade das peças pode ser utilitária (para guardar alimentos e objetos), decorativa ou mesmo funcionar como urna funerária, como a Urna Joanes, criada pela artesã Cinthia Cristina de Souza e exposta na mostra. 

Um dos mestres da cerâmica paraense é Doca Leite, que tem um ateliê no distrito de Icoaraci, em Belém. Ele trabalha desde 1978 com a arte marajoara e recebeu, em 2006, o título de “Artesão n°1 do Brasil”, concedido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Além da Casa do Artesão, comercializa seus produtos na internet e em sua loja, localizada do bairro de Paracuri, que concentra comunidades que vivem da arte Marajoara, Tapajônica, Maracá e Icoaraci.


Pelo conjunto da obra, em março de 2014, o mestre foi um dos oito artesãos homenageados na exposição “Os Mestres da Casa do Artesão”, promovida pelo Governo do Estado, Federação das Associações e Cooperativas de Artesãos do Pará (Facapa) e pelo Igama.

Artesão Doca Leite. Foto: Ascom Igama
Reconhecimento – Darlindo de Oliveira Pinto, oriundo de Monte Alegre, é outro mestre artesão que se destaca pelo trabalho com a balata e pelas lutas de mais de duas décadas em prol da classe. Uma delas é o reconhecimento da atividade, por meio da regulamentação da profissão do artesão, prevista no Projeto de Lei 7755/2010. Ele conta que essa será a maior reinvindicação dos artesãos brasileiros em um congresso nacional da área, que acontecerá, em breve, em Natal, Rio Grande do Norte.
“A gente já vem lutando há 20 anos por reconhecimento e mudanças. O Dia de São José, 19, que homenageia os artesãos, é uma data especial para nós porque é o dia do pai de Jesus, que foi carpinteiro, artesão. Trabalhamos desde 2002 na Casa do Artesão do Espaço São José Liberto, data de fundação do local. Lá estamos muito bem representados”, diz o mestre, que é presidente da Facapa, tesoureiro da Confederação Nacional do Trabalhadores Artesãos do Brasil (CNARTS) e presidente do Grupo de Trabalho Colegiado Artesanato, do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), vinculado ao Ministério da Cultura (MinC).
  Mestre artesão Darlindo Oliveira. Foto Ascom Igama
Orgulhoso de sua profissão, o mestre conta que vê-la regularizada e mais valorizada é um de seus maiores desejos,e estas são as principais bandeiras de luta desse segmento. Luta que tem sido travada em palestras e seminários em que ele participa pelo Brasil.
"Essa é uma das profissões que mais gera trabalho e renda no país. Hoje, somos mais de 14 milhões de artesãos. Em 2006, na Conferência Nacional de Brasília, a revista Carta Capital publicou que éramos 8,5 milhões”, ressalta.
Índio no Açaizeiro, artesanato de balata.
Foto: João Ramid AIB
O mestre Darlindo de Oliveira faz parte do Grupo de Mestres Artesãos de Modelagem em Balata, do município de Monte Alegre, oeste do Pará, e foi agraciado com o certificado da 3ª edição do “Reconhecimento de Excelência da Unesco para os produtos artesanais do Mercosul+”, em 2012. O grupo também é formado por Oscarino Braga, Paulo Baía, Antonio Braga, Carlos Baía e Luiz Carlos.
Peças lúdicas, denominadas Índio no Açaizeiro, Boto Cor de Rosa, Macaco, e Búfalo Montado, criadas por Darlindo e Oscarino Braga, representativas do artesanato de balata, estão em exposição no shopping.
O artesanato em balata beneficia, direta e indiretamente, cerca de 50 famílias de Monte Alegre, entre extrativistas, artesãos e familiares dos profissionais. Darlindo aprendeu a técnica nos anos 70, com o Mestre João Boi que, junto com Mestre Bejá, eram os únicos que criavam as miniaturas em Monte Alegre.
Na forma final, as miniaturas ganham vários tons, desde cinza-claro até o rosado, com a utilização de pigmentos naturais, como urucum e cumatê. Atualmente, a tinta de tecido, que é antitóxica, também é usada na coloração das peças, que retraram papagaios, araras, cobras, jacarés, botos, tartarugas, canoeiros, vaqueiros do Marajó, apanhadores de açaí e tantos outros personagens da diversidade amazônica. 
Crescimento de vendas - O Espaço São José Liberto – Programa Polo Joalheiro do Pará tem se tornado um centro de agregação da cultura paraense, um espaço de referência da economia criativa e das categorias culturais (como o patrimônio e as expressões culturais), bem como no campo das criações culturais e funcionais. Como resultados obtidos com a implantação de ações de capacitação, gestão e fomento, promoção, comercialização e manutenção do espaço cultural, comercial e turístico, o espaço tem registrado índices crescentes de vendas.
A promoção de ações de apoio aos setores criativos, como o artesanato, com ênfase no ciclo de criação, produção e comercialização, tem incorporado a criatividade e os elementos simbólicos da cultura amazônica como fator estratégico de desenvolvimento econômico, valorizando, promovendo e divulgando o potencial criativo dos profissionais existentes no Pará. Prova disso são os resultados positivos de crescimento das vendas dos produtos dos artesãos, microempresas e empreendedores individuais atendidos, atualmente, pelo programa.
De acordo com Thiago Albuquerque, gerente comercial e tecnológico do Igama, no comparativo de vendas de artesanato do ano de 2014 em relação ao período de janeiro a dezembro de 2013 foi identificado um crescimento de vendas de 28%. O crescimento de produtos vendidos pela Casa do Artesão do espaço foi de 19%, que corresponde à comercialização, em 2014, de 56.319 itens de artesanato.
Thiago Albuquerque (e) mostra produtos da Casa do Artesão para visitantes. Foto: Ascom Igama 
Na avaliação do coordenador comercial, "as parcerias firmadas com o trade turístico do Estado e a Setur, para expansão dos nossos postos de venda na cidade, resultado de parcerias firmadas com o Sebrae Pará e o governo do Pará, por meio da Sedeme e da Setur, contribuíram para esta evolução de resultados comerciais”.    
Outros aspectos importantes do crescimento, segundo Thiago Albuquerque, são a melhoria da qualidade do produto artesanal e a agregação cultural na produção do artesanato paraense. Valores como originalidade, autenticidade e sustentabilidade, têm sido observados e promovidos pelos mestres artesãos, além da utilização de matéria-prima regional.
Imagem de São José.
Foto: Ascom Igama
Serviço: A exposição “A Arte dos Mestres” foi aberta ao público nesta terça-feira, 17, e segue até o dia 23 de março, das 10h às 22h (de segunda a sábado), e das 14 às 22h (aos domingos), no hall de entrada do Parque Shopping Belém, situado na Avenida Augusto Montenegro. Entrada franca.
A missa em homenagem à São José será celebrada na próxima quinta-feira, 19, às 18h, no Coliseu das Artes do Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n, Jurunas).
Luciane Fiuza
São José Liberto
Leia na Agência Pará de Notícias

Ascom/Igama




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