Workshop nacional discute avanços do setor de gemas e joias no Pará

III Workshop de Integração de Arranjos Produtivos Locais (APL) de Gemas e Joias.
Foto: Eliseu Dias/Agência Pará
Para discutir especificidades, avanços, inovações e potenciais a serem desenvolvidos no setor de gemas e joias, representantes de diversos Estados brasileiros participaram na segunda-feira (24), no Espaço São José Liberto, da abertura do “III Workshop de Integração de Arranjos Produtivos Locais (APL) de Gemas e Joias”, uma realização do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que prossegue até esta terça-feira (25). O Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e do Instituto de Gemas da Amazônia (Igama), é um dos apoiadores do evento.

O workshop promove a troca de experiências entre Arranjos Produtivos, para impulsionar o crescimento da área. Durante o painel intersetorial de abertura, que debateu o alinhamento das políticas públicas voltadas para o setor, o presidente do IBGM, Hécliton Santini, enfatizou que a experiência de sucesso do Espaço São José Liberto, onde funciona o Polo Joalheiro do Pará, é um exemplo a ser seguido por outros Estados. Ele destacou que o apoio do governo a iniciativas como a do Polo Joalheiro é fundamental, assim como a parceria com a iniciativa privada.

Hécliton Santini ressaltou que o workshop reúne importantes lideranças empresariais, representantes governamentais e presidentes de associações de classe dos principais Estados produtores do Brasil e, ao mesmo tempo, “promove essa experiência que o Pará dá, hoje, ao Brasil. Esse polo é singular e deve ser melhor estudado e mais estruturado, para que possa ter, rapidamente, resultados que todos nós esperamos, que é agregar valor, trazendo ainda mais a cultura paraense e amazônica às joias, para que elas possam estar representadas não só no Brasil, como internacionalmente”.

Segundo ele, o design da joia paraense é criativo e de excelência, com o diferencial na cultura inserida no design, em um processo que envolve o Espaço São José Liberto como um todo. “Essa cultura tem sido incorporada à joia com muita criatividade, e o trabalho do designer tem traduzido isso: peças singulares, que espelham essa brasilidade. Hoje, o consumidor brasileiro e mundial não quer só comprar joia. Quer comprar também a história que a envolve, o conteúdo cultural e de sustentabilidade que é incorporado a ela. O Pará está fazendo este trabalho”, salientou Hécliton Santini.
Colar "Cores dos Minerais", criação do designer Argemiro Muñoz com produção e ourivesaria da empresa Joiartmiro, que fica rá em exposição no ESJL até o dia 12 de dezembro.
Foto: Carlos Sodré/Agência Pará
Exposição - Uma amostra deste trabalho inovador do Polo do Pará foi vista na exposição “Metal-Morfose: a transformação da matéria”, lançada na segunda-feira, no Coliseu das Artes, onde poderá ser visitada até 12 de dezembro. A nova coleção de joias do Polo Joalheiro é resultado de anos de experimentações do pesquisador e mestre ourives Paulo Tavares, que trabalhou com designers e empresas do programa, parceiras de suas pesquisas de criação de joias com metal nobre (ouro e prata) e coloração única, resultantes do processo de reaproveitamento das sobras das unidades de produção de joalheria.

Paulo Tavares cria gemas vegetais de cores diversas, que servem de base à coloração das joias, por meio de outra inovação já desenvolvida no âmbito do Polo Joalheiro: a incrustação paraense, que tem servido de base para outras peças. A inovação consiste em realizar o procedimento de separação do metal e tratamento dos resíduos do processo, por meio de práticas sustentáveis, que evitam o descarte de material nocivo ao meio ambiente.

É uma forma de proteção à natureza, promovendo o retorno de um produto inorgânico que foi resgatado para as unidades produtivas de joias”, explicou Paulo Tavares, lembrando que a experiência de sustentabilidade tem sido desenvolvida há mais de 10 anos, e que pretende ampliar o trabalho com outros profissionais e Estados, como o Piauí, que já sinalizou interesse em conhecer e aplicar a técnica de ourivesaria.
Titulares durante o Workshop de Integração de Arranjos Produtivos Locais (APL) de Gemas e Joias.
Foto: Eliseu Dias/Agência Pará
Crescimento – A titular da Seicom, Maria Amélia Enríquez, enfatizou que o Programa Polo Joalheiro do Pará - mantido pelo Governo do Estado, por meio da Seicom e do Igama – representa um projeto de qualidade, com conceito e importância para o Estado, o Brasil e o mundo. Tanto que tem permanecido e se desenvolvido ao longo dos anos, sendo hoje referendado pelo IBGM, Ministério da Cultura (MinC) e outros órgãos.

Nós temos nos empenhado para aprimorar este projeto de sucesso, para que ele avance. O papel da Seicom é melhorar o ambiente de negócios, para então proporcionar um cenário favorável para que a cultura e o turismo se desenvolvam”, disse a secretária, frisando o talento e a capacidade que os integrantes do programa têm em reinventar, recriar e surpreender a cada criação, a partir de uma temática histórica. Ela também falou sobre o Plano de Mineração do Estado, destacando a contribuição da secretaria no Plano Ver-o-Pará: “A Obra-Prima da Amazônia”, da Secretaria de Estado de Turismo (Setur).

Maria Amélia Enríquez também destacou a necessidade de avanços na produção de joias e artesanato, para a conquista de novos mercados. A internacionalização, disse ela, já tem sido concretizada pelo governador Simão Jatene, que assinou um termo de cooperação com a Martinica - país representado no workshop por Manuella Toussay, do Conselho Regional da Martinica no Brasil e adida de Cooperação junto à Embaixada da França em Brasília, e pelo ourives Pierre Kichenama.
Artesãos, designer e empreendedores criativos durante o workshop.
Foto: Eliseu Dias/Agência Pará
O secretário de Estado de Turismo, Adenauer Góes, lembrou que o desafio de desenvolver o setor de gemas e joias no Estado é amplo, porque envolve outros setores importantes, como turismo, artesanato, moda e gastronomia. “Passa pela compreensão dessa economia do turismo, porque significa a circulação e a mobilidade das pessoas e o quanto isso pode contribuir para o fortalecimento de atividades, como essa de gemas e joias no Estado e no País”, ressaltou. O Espaço São José Liberto e o Programa Polo Joalheiro do Pará integram tanto o Plano de Turismo quanto o de Mineração, dada a complexidade e amplitude do trabalho desenvolvido no local, que é um território criativo de diversos setores da economia.

A diretora executiva do Igama, Rosa Helena Neves, enfatizou a importância deste evento para o setor de gemas e joias, devido à troca de experiências e conhecimentos. Segundo ela, também merece destaque o trabalho que Polo do Pará tem realizado para formar parcerias, destinadas à complementaridade do conhecimento e execução das ações, dentre elas a parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa).

Marcelo Ribeiro de Araújo, gerente da Unidade de Indústria do Sebrae Pará, disse que a instituição tem promovido, com seus produtos e serviços, uma forte parceria com o Igama e o governo estadual , que data de 1998. “Somos parceiros nesse processo com produtos voltados para a gestão das empresas, a organização social e o desenvolvimento tecnológico”, disse ele, destacando o Sebrae TEC, projeto voltado para a tecnologia e inovação das micro e pequenas empresas.

Para Marcelo de Araújo, o encontro é “muito importante, a partir do momento que a gente traz parceiros nacionais que conhecem a nossa realidade e têm a oportunidade de discutir localmente esses pontos”.
Manuela Toussay, do Conselho Regional da Martinica no Brasil e adida de Cooperação junto à Embaixada da França em BrasíliaFoto: Eliseu Dias/Agência Pará
Integração – O encontro reúne integrantes de APL de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí, além de representantes dos segmentos e integrantes do Programa Polo Joalheiro do Pará, como designers, ourives, lapidários, empreendedores individuais, micro empresários e alunos dos cursos de Design das instituições de ensino parceiras do programa Polo Joalheiro.

Entre os participantes do workshop estão, ainda, Rosângela Gouvêa, professora do curso de Design da Uepa; Rosângela Quintela, professora da Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa); Rubens Pontes, de Brasília, consultor do IBGM; Jaqueline Alves e Carlos Figueira, respectivamente, gerente de Marketing e de Promoção da Paratur; Carolina Lucena, Ângela Andrade e Rafael Ligabue, do IBGM, e representantes da Secretaria de Estado de Cultura (Secult) e outras entidades públicas e privadas envolvidas com o setor.

O workshop contou com a participação de Elzivir Azevedo, diretor de Transformação Mineral da Secretaria de Geologia e Mineração do Ministério de Minas e Energia (MME), que considerou “importante essa integração das esferas federal, estadual e municipal, porque unem forças nas ações e estimulam a competitividade e o desenvolvimento da cadeia produtiva de joias, gemas e bijuterias”.
Designer portuguesa de joias, Sylvie Alves de Castro.
Foto: Eliseu Dias/Agência Pará
Artesanal - O evento, que já ocorreu nos Estados do Espírito Santo e Rio Grande do Sul, discute questões que envolvem o setor de gemas e joias no Pará, como a relevância da cultura local na criação de joias. Com esse intuito, na segunda-feira (24) foi compartilhada com os participantes a experiência internacional de produção artesanal da designer portuguesa Sylvie Castro. A designer trabalha como diretora criativa da Lusa, marca de joalheria e bijuteria portuguesa, e da Syo, da qual é proprietária, e na qual resgata a história e cultura de Portugal com a técnica de fabricação artesanal, feita por pessoas da área, que utilizam a “filigrana”, em um trabalho marcado pela inovação e reinvenção da joalheria.

Ela contou que também acompanha todo o processo de materialização da joia. “Muitas vezes a relação do design com o artesão da joia é de muita sensibilidade, para entender suas expectativas no momento da execução do produto, para que não perca o toque de sofisticação”, destacou.

Maria Medeiros Abreu, diretora executiva da regional de Limeira (SP), do Sindicato da Indústria de Joalheria, Bijuteria e Lapidação de Gemas do Estado de São Paulo (Sindijoias), participa do evento representando o APL de joias folheadas e bijuterias. Segundo ela, o Brasil tornou-se referência no design de jóias, e hoje a joia brasileira é reconhecida internacionalmente pela criatividade dos seus designers. “É muito interessante se deparar aqui com um case internacional, como o da Syo, de Portugal, porque ela agrega a cultura do país em joias artesanais, sem produção em escala”, ressaltou.
Apresentação do Grupo Parafolclórico "Frutos do Pará", que aconteceu no anfiteatro do Espaço São José Liberto. Foto: Carlos Sodré/Agência Pará
Ao final do primeiro dia do encontro, o Grupo Parafolclórico Frutos do Pará apresentou um espetáculo de danças típicas. Hécliton Santini também recebeu uma homenagem do Polo Joalheiro do Pará pelos anos de parceria. A diretora Rosa Helena Neves ofertou um bracelete em ouro, com design em grafismo marajoara, produção da Ourogema, empresa do Polo Joalheiro do Pará.

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Ascom/Igama com informações da Ascom/Seicom




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