Espaço São José Liberto recebe 19ª edição do Epama

Estandes das marcas participantes do evento.
Foto: Igama/Divulgação
O anfiteatro da Casa do Artesão, no Espaço São José Liberto (ESJL), foi palco de mais uma edição do Encontro Paraense de Moda e Artesanato (Epama) no último sábado (31), das 10h às 19h, com a presença de 13 marcas locais comercializando seus produtos e mostrando a força atual da moda aqui desenvolvida. O evento contou com oito desfiles que marcaram o fechamento da programação, com marcas locais convidadas e coleções confeccionadas por alunos do Curso de Moda da Faculdade Estácio/FAP.

A 19ª edição do Epama aconteceu nos dias 30 e 31 com o apoio do Governo do Estado do Pará através da Secretaria de Estado de Indústria, Comérico e Mineração (Seicom), do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama) e do Espaço São José Liberto. A programação variada do encontro incluiu palestras e feira de moda, com realização da Associação de Costureiras e Artesãs da Amazônia (Costamazônia) e coordenação de Felícia Assmar Maia, pesquisadora de moda e professora do Curso de Moda da Faculdade Estácio/FAP.

Detalhe das peças vendidas durante o Epama.
Foto: Igama/Divulgação
Nos estandes de venda estavam alunos do curso de Design de Moda da faculdade, além de marcas locais, como a Nana Pará Atelier, Mariana Bibas, Pé de Xita, Ninas, Menininhas e os projetos da Associação Voluntária de Apoio a Oncologia (Avao) e Ecolook, bem como parceria firmada entre a FAP e alunos da Escola Estadual Professor Anísio Teixeira.

O projeto do Encontro Paraense de Moda e Artesanato nasceu de uma pesquisa que revelou que a indústria de moda tem relevante importância no contexto econômico brasileiro, passando a representar uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e a gerar empregos e renda”, explica Felícia, que explicou que a primeira edição do Epama resultou na criação da associação Costamazônia, que desde o início tenta fazer da região amazônica um polo brasileiro de moda.

A temática desta edição do encontro foi “Belém: a bola da vez”, que destacou a questão da reutilização e reciclagem de mate-ria-prima. Os desfiles mostraram várias peças com materiais reaproveitados por meio dos projetos locais, além de muitas referências a cultura paraense e ao evento que o Brasil está sediando esse ano, a Copa do Mundo. Estampas coloridas em verde e amarelo e referências esportivas também foram destaque.

Os oito desfiles apresentaram peças do projeto “Corte e Costura” da Avao e sua coleção “Inspira Brasil”, do projeto Ecolook de moda sustentável, resultado de parceria firmada entre a escola Anísio Teixeira e a FAP, da coleção de Moda Fitness de Andréa Ribeiro, da coleção de moda urbana masculina dos criadores Vitor Marques, Samuel Castro e Fábio Purificação, da coleção “Chão da Maré” da empresa Nana Pará Atelier, da coleção criada pelas alunas de moda Évelyn Dutra e Rejane e de uma grife de Santarém, a Gato’s, além do desfile da coleção de acessórios de moda do Espaço São José Liberto.

Socorro Andrade, costureira e profissional do setor, ficou encantada e inspirada pelos desfiles e modelos. “O desfile foi lindo, pudemos conhecer algumas marcar paraenses que ainda são desconhecidas. A oportunidade de assistir um evento como esse é sem dúvida enriquecedora pra mim como profissional da área. Esse desfile serve de inspiração para as produções que pretendo fazer inspiradas na copa do mundo”, explicou a costureira.


Modelo desfila acessórios de moda do ESJL.
Foto: Igama/Divulgação
O quinto desfile do evento mostrou as peças e acessórios de moda confeccionados no Espaço São José Liberto por artesãos do Programa Polo Joalheiro do Pará. Foram apresentadas vinte composições com colares, anéis, braceletes e bolsas de artesãos locais, produzidos com matéria-prima típica da Amazônia. 

“É a primeira vez que tenho a oportunidade de assistir a um desfile. Fiquei encantada com a criatividade com que cada marca construiu suas peças. Durante o desfile do Espaço São José Liberto pude ver a mistura de materiais nas peças, fica tudo muito bonito”, afirmou a estudante Ludmilla Alves sobre o evento e a coleção apresentada no desfile do ESJL.

As modelos desfilaram peças das empresas Amazônia & Cia, Ecojoias, Da Tribu e Kdesign Acessórios além de produções dos designers e produtores Geraldo Vieira Ribeiro, Rosa Castro, Lilian Dias, Jacilene Trindade, Rita Pinheiro e Tarcísio Dias de Sousa. As peças selecionadas foram o bracelete “Pau Roxo” de Geraldo Ribeiro; o conjunto de bracelete e colar “Brasilidade”, os colares “Alimentos”, “Yaça”, “Águas de Tocantins, Açaí e Paxiúba” da Amazônia & Cia; as carteiras confeccionadas pela designer Rosa Castro; colares e pulseiras de material reciclado da Da Tribu; as bolsas carteira de Lilian Dias; as peças ecológicas da Ecojoias; pulseira “Açaí” de Jacilene Trindade; colar “Madeira” da Kdesign Acessórios; o colar em açaí, escamas de peixe e fios “Copa” de Rita Pinheiro e o bracelete “Castanha com Chifre” de Tarcísio Dias de Sousa.

Palestras

Em seu primeiro dia, o Epama promoveu duas palestras, que discutiram a história da moda na cidade de Belém do Pará. Durante a manhã aconteceu a mesa de debate “Belém: história e literatura”, com a escritora Nelly Cecília Rocha, membro da Academia Paraense de Letras, e com o professor José Guilherme de Oliveira castro, doutor em Teoria Literária. A mediação foi do professor e historiador Rui Martins Júnior.

Durante a tarde, a segunda mesa de debates, promovida pelo Espaço São José Liberto, teve como tema “Belém: modos da moda” e contou com a participação do professor Fernando Hage e da professora e pesquisadora de moda Felícia Assmar. A mediação foi de Milena Castro.

Das palestras, que aconteceram no mezanino da Casa do Artesão, participaram alunos de moda e design, que puderam, ainda, assistir a apresentação do trabalho de mestrado de Fernando Hage sobre o jornalista maranhense João Affonso e o livro “Três Séculos de Modas”, onde é abordado o vestuário em Belém do Pará do século 17 ao 19.
Desfile das peças produzidas no projeto "Corte e Costura" da Avao.
Foto: Igama/Divulgação
O professor Fernando Hage destacou o pioneirismo do livro de João Affonso, que é considerado o primeiro sobre história da moda a ser feito no Brasil, relatando as peculiaridades existentes na moda local, tanto para os homens quanto para as mulheres. “Em comparação com outras regiões, o paraense era e ainda é muito peculiar em seu modo de vestir, e na época o padrão da moda ainda era muito inspirado no que era feito em Paris”, disse o professor.

Com um mix de moda internacional e conceitos locais, explicou Fernando Hage, a moda na Amazônia possui personalidade única, o que fez com que o jornalista João Affonso tivesse interesse em registrar aquilo que ele via no cotidiano daqui. “Até hoje podemos ver, da mesma maneira como é relatado em seu livro, a mulher paraense com suas saias longas, flores no cabelo e tecidos leves e claros, próprios para enfrentar o clima paraense”, completou.

A mesa de debates discutiu essa “personalidade” no modo de vestir que mudou pouco durante a história, passando a ser explorada mais recentemente com o surgimento de diversas marcas e iniciativas de moda, algumas em parceria com o Espaço São José Liberto, recebendo apoio e aperfeiçoando técnicas que já eram a muito tempo utilizadas na produção local.

Essas e outras inspirações que dão identidade para peças de artesãos, designers e demais empreendedores criativos locais que fazem parte do Programa Polo Joalheiro do Pará. Criações podem ser vistas nas coleções de joias e acessórios de moda que são produzidas no Espaço São José Liberto, algumas delas mostradas nos desfiles do Epama, que fomenta o mercado local da moda.
Público prestigiou os desfiles.
Foto: Igama/Divulgação
Inicialmente com edições anuais, o Encontro Paraense de Moda, que agora acontece semestralmente, investindo em versatilidade de produção e em desenvolvimento de projetos sociais, já está indo para sua 20ª edição com perspectivas de melhores condições não só de trabalho mas também de vida.

O projeto iniciado em 2003 com a pretensão de atender expectativas de um novo cenário da economia brasileira, que, em busca de novos mercados, passou a valorizar a produção de moda com toques artesanais, tem a próxima edição prevista para acontecer em setembro de 2014 no Espaço São José Liberto.


Luiz Armando Viana - Ascom/Igama




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