A Joia do Pará brilha no legado de Almir Gabriel

Ex-governador Almir Gabriel. FOTO Antônio Silva. Arquivo Agência Pará
A valorização do trabalho artesanal, a conquista da identidade da Joia do Pará e a criação do Espaço São José Liberto, onde funcionam o Polo Joalheiro, o Museu de Gemas do Pará e a Casa do Artesão, são importantes realizações de Almir Gabriel, que governou o Pará entre 1995 e 2002, e faleceu no último dia 19 de fevereiro, aos 80 anos.

Para Hécliton Santini Henriques, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) há 15 anos, o trabalho de Almir Gabriel foi fundamental para o fortalecimento e fomento do setor de Gemas, Joias e Metais Preciosos no Estado do Pará. Opinião compartilhada por designers, ourives, artesãos, representantes de entidades de classe e demais profissionais da cadeia produtiva de gemas e joias.

Bracelete Déco Amazônico, criação da designer Marcilene Rodrigues. FOTO João Ramid
A criação de uma Escola de Joalheria do Pará, voltada para a valorização da joia artesanal e da cultura da Amazônia, sintetiza a diretriz do Programa de Desenvolvimento do Setor de Gemas e Metais Preciosos do Pará, lançado em 1998 pelo Governo do Estado, e gerenciado no Espaço São José Liberto desde 11 de outubro de 2002, data de sua inauguração, ocorrida durante o segundo mandato do ex-governador.

“Programas pioneiros deste tipo, por sua abrangência e magnitude, só obtêm êxito com o apoio decisivo do governo em seu mais alto nível. O ex-governador Almir Gabriel entendeu a importância do setor de gemas e joias para o Pará e conferiu ao programa alta prioridade, tornando-o realidade. Hoje, o Polo Joalheiro do Pará, com sede no São Jose Liberto, é um exemplo para os demais Estados produtores do Brasil”, ressalta Hécliton Santini, que acompanhou todo o processo de implantação do projeto de gemas e joias.

O Programa Polo Joalheiro, como também é conhecido, é mantido pelo governo estadual, por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), tendo como gestor o Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama). Por meio dele, são promovidas ações de qualificação e acesso a novos mercados para designers, ourives, lapidários, artesãos e produtores de embalagens artesanais.

Júlia Mendes, presidente da Associação de Joalheiros do Espaço São José Liberto (Ajepa), criada em 2007, destaca que o Programa incentiva e valoriza o trabalho de artesãos, ourives, lapidários, produtores e demais profissionais. Segundo ela, produtores e clientes do Programa Polo Joalheiro foram incentivados a se organizar em associação para, entre outros objetivos, preservar o Programa que gerou tantos benefícios sociais, como a geração de emprego e renda, a formalização e a especialização da mão de obra desse segmento produtivo.

Vista aérea do Espaço São José Liberto_FOTO Flavya Mutran. Arquivo Agência Pará

CONTRIBUIÇÕES - Referência cultural, turística, comercial e do patrimônio arquitetônico de Belém, o Espaço São José Liberto, inaugurado em 11 de outubro de 2002, foi resultado do projeto de revitalização arquitetônica da cidade, realizado no Governo Almir Gabriel.

Paulo Chaves Fernandes, atual secretário de Estado de Cultura, função que também exercia na época, foi o arquiteto responsável pela revitalização do espaço. Ele esteve à frente da equipe que realizou o projeto de arquitetura, restauro e ampliação do São José Liberto - construção datada de 1749, que durante cerca de 150 anos abrigou a cadeia pública e o Presídio São José.

Outra importante contribuição de Almir Gabriel para impulsionar o setor de Gemas e Joias do Pará, cujo programa de fomento foi elaborado, lançado e implantado em seu governo, foi o Decreto nº 5.375, de 11 de julho de 2002.

Jardim da Liberdade do Espaço São José Liberto. FOTO Geraldo Ramos
No artigo 1°, o decreto determina que seja diferido o pagamento do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) incidente nas saídas internas de alguns materiais destinados à indústria joalheira e ao artesanato mineral, que promovam o processo industrial e artesanal no Estado. Já o artigo 2° determina a isenção do ICMS para as saídas internas de determinados produtos resultantes da indústria joalheira e do artesanato mineral produzidos no Estado.

“Um visionário. É assim que vamos lembrá-lo, por acreditar que nossas joias eram mais que insumos de metal precioso e pedras bonitas. Eram uma expressão artística e cultural, em que nossa região, nossa gente, nossas lendas e peculiaridades eram mais que preciosos. Juntos, representavam a joia e o encantamento de inspirar-se , desenhando, confeccionando a nossa história”, sintetiza Júlia Mendes, que também trabalha como designer e é dona de uma das lojas do Polo Joalheiro.

Modelo exibe colar criado pela designer Eli Cascaes (a direita) em desfile na Casa Cor Pará 2012. FOTO GQ Estúdio
TRAJETÓRIA – Para a designer e educadora Eli Cascaes, que faz parte do Programa desde o início, a construção do Espaço São José Liberto trouxe um ganho para a capital e, em especial, para o fomento ao setor joalheiro. Para ela, o espaço é transmissor da cultura paraense através da matéria prima da Amazônia, como sua fauna, minerais, sementes, fibras, madeiras, cascas e chifres. Temáticas paraenses também presentes nas lendas, danças, músicas e arquitetura, que servem de inspiração para os designers e artesãos.

Ela destaca que o projeto engloba ações voltadas para a capacitação de toda a cadeia produtiva, do coletor ribeirinho aos designers, artesãos e produtores. “Este espaço teve uma grande contribuição para esta conscientização cultural e, em especial, para o mercado joalheiro do Pará”, afirma Eli Cascaes.

“Faço parte deste belo projeto e percebi que nele eu poderia contribuir, acrescentar meus conhecimentos na área cultural e realizar um sonho, que era ser designer de joias. Sou muito grata ao dr. Almir Gabriel, pois tive uma ascensão profissional na área da arte, enquanto educadora, e a minha inserção como designer no setor joalheiro deste Estado”, relata Eli Cascaes, que começou a trabalhar no São José Liberto como vendedora de artesanato na Casa do Artesão. Depois foi para a loja de joias e acabou assumindo o cargo de supervisora do Museu de Gemas.

Em destaque, a Lapidação Diferenciada, técnica criada pela lapidária Leila Salame. FOTO: Fábio Alves
“O maior sentido do programa de políticas públicas é a melhoria e a transformação da vida das pessoas e dos setores produtivos. O Programa Polo Joalheiro e o Espaço São José Liberto alcançaram este objetivo. O ex-governador Almir Gabriel e sua equipe tiveram uma contribuição definitiva para o fortalecimento do setor de Gemas e Joias do Pará a partir da inovação tecnológica e do propósito de reinaugurar um patrimônio cultural em um espaço transdisciplinar, onde cultura, turismo, designer, inovação, tecnologia, educação patrimonial, trabalho e renda se integram em um único projeto. O brilho da Joia do Pará, hoje, é resultado deste sonho que fortaleceu o setor joalheiro e transformou vidas”, resume Rosa Helena Neves, diretora do Espaço São José Liberto e do Igama, Organização Social  gestora do Espaço. 

Ascom/Igama

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