Paes Loureiro lança livro de poemas no São José Liberto

João de Jesus Paes Loureiro em noite de autógrafo
Dança, poesia, dramaturgia, fotografia e o que há de melhor na produção artística paraense, reunidas para homenagear Belém do Pará. Esse foi o tom do lançamento do novo livro de poesias de João de Jesus Paes Loureiro, intitulado ”Para ler como quem anda nas ruas”, publicado pela Editora Escrituras. Uma apresentação da Companhia Moderno de Dança, no anfiteatro do Coliseu das Artes, no Espaço São José Liberto, na noite da última quarta-feira (19), também marcou o evento, que integra as comemorações dos 10 anos da companhia, dirigida por Ana Flávia Mendes Sapucahy, que teve nas palavras do poeta a inspiração para o espetáculo estreado em abril de 2012.

O livro é ilustrado com fotos de Luiz Braga, outra referência das artes no Estado. As imagens mostram momentos do espetáculo “Lírica Morada”: uma experiência existencial da cidade, segundo Paes Loureiro, para quem o título sugere a denominação cênica de um acontecimento artístico de dança, poesia e dramaticidade.

“Para ler como quem anda nas ruas”, observou o poeta, acaba sendo uma síntese de várias artes. Segundo ele, a criação é um monólogo poético que pode muito bem ser dito cenicamente em um palco por um ator ou com ilustrações, fotos e tudo o mais. “O poema dá ao leitor a sensação de estar percorrendo o itinerário da cidade”, disse ele.

“É aquele itinerário do afeto que você guarda. Aquela cidade que você constrói dentro de você como um afeto que ama, sejam ruas, praças ou outros lugares. O poema, enquanto descreve os lugares, penetra nas casas, nas igrejas, nos palácios... Há um longo trecho sobre o Theatro da Paz, no qual o teatro é poetizado. Ao mesmo tempo em que o poeta caminha, olha e contempla, ele devaneia, recorda, sentimentaliza, filosofa, registra a história, o vocabulário e as pessoas também”, afirmou o autor.
Capa do livro que homenageia Belém em diferentes vertentes artísticas
HOMENAGEM - A capa do livro tem a imagem de uma bailarina com a costa desenhada com azulejos portugueses, que revela outra arte da cidade, sua arquitetura. A foto, que também ilustra o cartaz do espetáculo, observou o poeta, é a síntese de Belém, retratada como uma cidade-mulher. “E essa figura feminina tem tatuado na pele os azulejos da cidade. Ela acaba incorporando, representando corporalmente a cidade em um dos símbolos maiores dela, o azulejo”, ressaltou.

A partir de experimentações coreográficas, sonoras, de luz e de espaço, propostas do grupo de dança, gestos, olhares e movimentos passeiam e homenageiam a Belém de ontem e de hoje. O público conferiu, no lançamento, a apresentação de coreografias do espetáculo. Cenas que, de acordo com Ana Flávia, retratam “a entrada na cidade encantada pela linguagem” e fazem referência a questões religiosas.

O poema que dá nome ao livro tem mais de 10 anos de criação e já foi recitado por Paes Loureiro em um CD gravado pelo violonista Salomão Habib. “Nós tivemos contato com o CD e resolvemos trabalhar a partir do poema. A gente queria fazer um espetáculo para comemorar nossos 10 anos, que falasse um pouco sobre a nossa cidade, e a gente sentiu que o poema ia ser bem interessante para trabalhar na poesia”, contou Ana Flávia, acrescentando que projetos sociais, festivais de dança e também apresentações em outras cidades brasileiras (resultado de um prêmio da Funarte) integraram as comemorações.

Gisele Moreira destacou a qualidade da obra e dos artistas
A professora e pesquisadora em Dança Gisele Moreira disse ter ficado “encantada com essa transfiguração que os intérpretes-criadores fizeram do poema para a linguagem da dança. Deixar que o corpo expresse essas palavras através da linguagem corporal já é uma nova codificação, uma nova linguagem criada. Aí chega a composição do livro, com uma terceira linguagem, a da fotografia, onde você pode capturar um instante e contemplar esse instante”.

EXPERIÊNCIA – Gláucio Sapucahy, diretor executivo da companhia, assina um artigo no livro, no qual, junto com Ana Flávia Sapuchay, conta um pouco da trajetória premiada da Companhia Moderno de Dança. Criada em uma sala de aula do Colégio Moderno, com a proposta de agregar pessoas com diferentes saberes, como psicólogos, arquitetos e jornalistas, hoje a companhia tem reconhecimento dentro e fora do Estado.

Os integrantes, contou o diretor, têm na companhia mais que um projeto estético de dança, um verdadeiro projeto de vida, cuja história de sucesso foi registrada em publicação lançada há dois anos. “O nosso trabalho tem uma característica própria. Nós temos bailarinos de fato, temos pesquisadores, mas, paralelamente a isso, temos pessoas que participam do mercado formal, como psicólogos e arquitetos”, explicou o diretor. As parcerias, destacou Gláucio, juntamente com outras ações, como a participação em editais públicos de incentivo, têm colaborado para o crescimento da companhia.

Das experiências que reuniram as linguagens artísticas, Paes Loureiro recorda, ainda, de trabalhos realizados com outros bailarinos e coreógrafos da terra, como Jaime Amaral, Cláudia Alves e Ana Unger, “sempre com o espetáculo nascendo do poema”.

“Essa experiência de transformar as palavras do poema em gestos do corpo em cena é uma experiência de transfiguração da palavra em gesto. É muito difícil esse processo, porque o que a dança tem que captar é o espírito do poema, é a emoção do poema. E como a dança não pode dizer com palavras, diz com gestos. É uma recriação, portanto, do poema em cena”, reforçou.

Ana Flávia Sapucahy e Paes Loureiro durante o lançamento do livro

FOTOS: Thiago Gama e Pollyane Amaral/Divulgação Igama

Ascom/Igama




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