João de Jesus Paes Loureiro em noite de autógrafo |
O livro é ilustrado com fotos de Luiz Braga, outra referência das artes no Estado. As imagens mostram momentos do espetáculo “Lírica Morada”: uma experiência existencial da cidade, segundo Paes Loureiro, para quem o título sugere a denominação cênica de um acontecimento artístico de dança, poesia e dramaticidade.
“Para ler como quem anda nas ruas”, observou o poeta, acaba sendo uma síntese de várias artes. Segundo ele, a criação é um monólogo poético que pode muito bem ser dito cenicamente em um palco por um ator ou com ilustrações, fotos e tudo o mais. “O poema dá ao leitor a sensação de estar percorrendo o itinerário da cidade”, disse ele.
“É aquele itinerário do afeto que você guarda. Aquela cidade que você constrói dentro de você como um afeto que ama, sejam ruas, praças ou outros lugares. O poema, enquanto descreve os lugares, penetra nas casas, nas igrejas, nos palácios... Há um longo trecho sobre o Theatro da Paz, no qual o teatro é poetizado. Ao mesmo tempo em que o poeta caminha, olha e contempla, ele devaneia, recorda, sentimentaliza, filosofa, registra a história, o vocabulário e as pessoas também”, afirmou o autor.
Capa do livro que homenageia Belém em diferentes vertentes artísticas |
A partir de experimentações coreográficas, sonoras, de luz e de espaço, propostas do grupo de dança, gestos, olhares e movimentos passeiam e homenageiam a Belém de ontem e de hoje. O público conferiu, no lançamento, a apresentação de coreografias do espetáculo. Cenas que, de acordo com Ana Flávia, retratam “a entrada na cidade encantada pela linguagem” e fazem referência a questões religiosas.
O poema que dá nome ao livro tem mais de 10 anos de criação e já foi recitado por Paes Loureiro em um CD gravado pelo violonista Salomão Habib. “Nós tivemos contato com o CD e resolvemos trabalhar a partir do poema. A gente queria fazer um espetáculo para comemorar nossos 10 anos, que falasse um pouco sobre a nossa cidade, e a gente sentiu que o poema ia ser bem interessante para trabalhar na poesia”, contou Ana Flávia, acrescentando que projetos sociais, festivais de dança e também apresentações em outras cidades brasileiras (resultado de um prêmio da Funarte) integraram as comemorações.
Gisele Moreira destacou a qualidade da obra e dos artistas |
EXPERIÊNCIA – Gláucio Sapucahy, diretor executivo da companhia, assina um artigo no livro, no qual, junto com Ana Flávia Sapuchay, conta um pouco da trajetória premiada da Companhia Moderno de Dança. Criada em uma sala de aula do Colégio Moderno, com a proposta de agregar pessoas com diferentes saberes, como psicólogos, arquitetos e jornalistas, hoje a companhia tem reconhecimento dentro e fora do Estado.
Os integrantes, contou o diretor, têm na companhia mais que um projeto estético de dança, um verdadeiro projeto de vida, cuja história de sucesso foi registrada em publicação lançada há dois anos. “O nosso trabalho tem uma característica própria. Nós temos bailarinos de fato, temos pesquisadores, mas, paralelamente a isso, temos pessoas que participam do mercado formal, como psicólogos e arquitetos”, explicou o diretor. As parcerias, destacou Gláucio, juntamente com outras ações, como a participação em editais públicos de incentivo, têm colaborado para o crescimento da companhia.
Das experiências que reuniram as linguagens artísticas, Paes Loureiro recorda, ainda, de trabalhos realizados com outros bailarinos e coreógrafos da terra, como Jaime Amaral, Cláudia Alves e Ana Unger, “sempre com o espetáculo nascendo do poema”.
“Essa experiência de transformar as palavras do poema em gestos do corpo em cena é uma experiência de transfiguração da palavra em gesto. É muito difícil esse processo, porque o que a dança tem que captar é o espírito do poema, é a emoção do poema. E como a dança não pode dizer com palavras, diz com gestos. É uma recriação, portanto, do poema em cena”, reforçou.
Ana Flávia Sapucahy e Paes Loureiro durante o lançamento do livro |
FOTOS: Thiago Gama e Pollyane Amaral/Divulgação Igama
Ascom/Igama
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