Consórcio Empresarial quer consolidar o mercado externo para as Joias do Pará

Representantes das nove empresas que compõem o Consórcio durante a JIS Miami 2012
A comercialização da joia artesanal paraense já está em processo de consolidação no mercado externo. A meta de estabelecer a venda regular de joias produzidas por profissionais paraenses e com matéria prima regional no exterior vem sendo perseguida por nove empresas do setor joalheiro do Pará, integrantes do Polo Joalheiro do Pará, que comercializam sua produção nas lojas do Espaço São José Liberto, mas decidiram se unir para formar um consórcio empresarial. Essa convivência entre as microempresas e a geração de suas próprias experiências empresariais levaram os empresários a tomar a decisão de se unir para formar o Consórcio Empresarial de Joias do Pará.

Como resultado desse trabalho, no período de 1º a 12 de outubro deste ano, nove representantes do Consórcio Empresarial viajaram para Miami, nos Estados Unidos, para participar da Feira Jewelers International Showcase (JIS/Miami), um dos maiores eventos do setor, que reúne mais de 1.800 expositores.

Nove dos 12 empresários que, inicialmente, mostraram interesse em participar da parceria, investiram na ideia e formaram o Consórcio Empresarial, que agrega mão de obra direta e indireta de 70 pessoas e possui um escritório em Miami e um recém-criado site contendo uma loja virtual.
  Colar Natural Conectado. Empresa: Amorimendes.
Em Miami o escritório tem à frente o gerente comercial Arthur Lisboa, que fala três idiomas (inglês, francês e espanhol), uma das exigências do Projeto Setorial de Internacionalização do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), um dos parceiros da iniciativa. Como nos EUA, o grupo já estuda também a implantação de uma linha 0800 na França.

Com união e organização, as nove empresas - Amazonita Art & Modas, Amorimendes da Amazônia, Brilho da Amazônia, DaNatureza, Jod Joias, Joiartmiro, LB Joias, Ourama e Ourogema - ampliaram sua área de atuação e passaram a integrar o Consórcio Empresarial.

O governo do Pará, através da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom), mantenedora do projeto Polo Joalheiro, instalado no Espaço São José Liberto, que é gerenciado pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama) apoia a iniciativa dos empresários. Exemplo desta natureza, destaca Airton Fernandes Lisboa, diretor de Desenvolvimento do Comércio e de Serviço da Seicom, é fator de reconhecimento do governo do Estado, que vê os investimentos públicos retornarem para a sociedade através da geração de emprego e renda.

Segundo Airton Lisboa "o governo do Estado vê a formação do Consórcio Empresarial de Joias do Pará como uma iniciativa de pessoas empreendedoras que buscam a auto sustentabilidade da sua atividade na produção, unido esforços de trabalho e de conhecimentos, superando suas limitações através de iniciativas inovadoras e, principalmente, no exercício do trabalho coletivo em prol do desenvolvimento de todos, inclusive levando a cultura do nosso estado ao exterior e oportunizando novos negócios”.

Formação de parcerias fortalece a iniciativa dos empresários paraenses
PARCERIAS - O Governo do Pará, via Seicom e Igama, juntamente com a Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae-PA), o IBGM e a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex) apoiaram o Consórcio Empresarial de Jóias do Pará na viagem a Miami, onde os empresários já haviam estado em 2011, integrando a Missão JIS/Miami – USA, que fomentou a participação de empresas brasileiras de joias em feiras e eventos internacionais, com o aval do IBGM. Na ocasião, eles também visitaram o novo Centro de Negócios da Apex em Miami.

Para Raul Tavares, gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiepa e coordenador da unidade de atendimento no Pará da Apex-Brasil, o Consórcio representa a internacionalização da joia paraense. O processo, diz ele, foi construído, durante estes dois anos, dentro do conceito de coletividade. Raul também lembrou que a JIS Miami existe há 37 anos, sendo considerada uma feira tradicional por apresentar peças mais clássicas. Para ele, por ter uma identidade e um conceito marcantes, a joalheria paraense se destacou no encontro.

Nessa primeira participação, os empresários paraenses fizeram apenas prospecções de negócios, apresentando seus produtos aos norte-americanos e pesquisando a preferência de mercado. Apenas Maria de Nazaré Paixão Cardoso (proprietária da empresa Amazonita, em sociedade com José Raimundo Cardoso, seu marido), João Amorim e Marcelo Monteiro participaram desta edição do encontro. Em 2012, voltaram a Miami para expor peças e fechar negócios.

Do início do projeto até agora, cerca de R$ 250 mil foram investidos apenas pelos integrantes do Consórcio, que já começam a dar a contrapartida nos projetos, como na compra de algumas passagens aéreas, informa João Amorim.

A formação do Consórcio Empresarial de Joias do Pará, que se consolida como vontade dos produtores de joias que participam do Programa de Desenvolvimento do Setor de Joias e Metais Preciosos do Pará, criado e mantido pelo Governo do Estado desde 1998, por meio da Seicom, é um passo significativo para que as Joias do Pará, por meio do mercado norte-americano, ultrapassem novas fronteiras.
 Brincos Wamiri Atroari. Empresa: Joiartmiro

IDENTIDADE - A joia artesanal paraense é reconhecida em todo o mundo por ter um conceito contemporâneo de joalheria, mesmo inspirada em ícones da Amazônia, como lendas, costumes e a própria natureza, e como base a matéria prima regional e a diretriz da sustentabilidade, um diferencial da joia do Pará no mercado internacional.

Com a criação do Consórcio, o setor se organiza e começa a atender demandas maiores, mas sem perder a identidade artesanal. Segundo João Amorim, mesmo no caso de uma encomenda de 100 unidades, por exemplo, na qual a produção é considerada semi-industrial, a característica artesanal não se perde.
Anel Ondas. Empresa: Ourogema

Na JIS 2012, além da joia paraense - representada em cerca de 90 peças - ter se destacado em meio a outros estandes de produtos brasileiros, começou a conquistar, efetivamente, o mercado mundial. Segundo João Amorim, três empresas dos Estados Unidos entraram em contato e mostraram interesse em comercializar as peças em Miami.

“Já havia empresas brasileiras participando, umas com 15 anos de feira, outras com sete anos, e algumas, de bijuteria, estreando, como nós”, diz Amorim, fazendo um comparativo da participação dos paraenses, e lembrando que os únicos Estados brasileiros representados com joias no pavilhão do Brasil foram o Pará e Minas Gerais. Os demais, como São Paulo, participaram com bijuterias.

“O nosso consórcio foi convidado pelo IBGM e pela organização da JIS. As outras empresas, mesmo as que são teoricamente maiores que nós, estruturadas há mais tempo, com um número de funcionários que muitas vezes ultrapassa duas centenas, há três anos tentavam entrar na feira, e só conseguiram por causa de desistências. Isso mostra a credibilidade que o consórcio tem com o IBGM, a Fiepa e o Sebrae, que capacita para trabalhar esta internacionalização de forma mais responsável e com o objetivo de não perder nossa identidade, e muito menos o foco principal, que é gerar o ‘Made in Brazil’ aqui no Pará”, explica João Amorim.

Pingente Remo. Empresa: DaNatureza
AMPLIAÇÃO – Para o artesão e ourives José Coelho Lucas, proprietário da LB Joias, que comercializa seus produtos na Loja UNA, gerenciada pelo Igama, a “união e a coletividade” são o mais importante. “Se for uma encomenda de 1.000 peças todos colaboram para dar conta. Individualmente, ficaria difícil ou inviável. E com a parceria do Sebrae, da Fiepa e do Igama fica mais fácil conseguir apoio para nossos projetos”, destaca José Lucas, acrescentando que a visibilidade aumentará, assim como o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido.

Pingente Sabor Açaí. Empresa: Amazonita


João Amorim enfatiza que, além do mercado de joias, a empresa também está habilitada para comercializar e exportar artesanato e acessórios de moda, como bolsas e cintos, um mercado que vem sendo incentivado pela direção do Espaço no São José Liberto. Segundo ele, a empresa deverá, em breve, trabalhar com esses nichos, já que tem interesse também na “pequena exportação”.

Produtores e designers poderão vender seus produtos por meio do site do Consórcio ou em feiras internacionais, oferecendo desde uma pequena produção, de apenas cinco bolsas artesanais, por exemplo, até produções maiores. Mas o empresário ou microempresário teê que ter interesse em participar e demonstrar organização, levando, junto com seu produto a discriminação do material utilizado, prazos de confecção e a capacidade de produção. Os requisitos para o cadastro de produtos é feito com orientação dos integrantes do Consórcio e seus parceiros.

HISTÓRIA – O início do Consórcio Empresarial de Joias do Pará foi em agosto de 2010, quando as nove pequenas empresas se uniram para reduzir custos de participação em feiras e demais eventos do setor joalheiro, e também de áreas de interesse, como o setor turístico.

Mas a ideia estava predestinada a voos mais altos. Já formalizadas e com clientela estabelecida no Estado, as empresas viram no Projeto de Inserção Competitiva e Sustentável de Micro e Pequenas Empresas no Mercado Internacional, resultado da parceria entre o Sebrae-PA e o CIN/Fiepa, a oportunidade de se prepararem para alcançar o mercado externo, mais precisamente os Estados Unidos, um dos maiores centros consumidores do planeta.

Os empresários participaram intensivamente de ações de capacitação, que incluíram treinamento em negócios internacionais, marketing internacional, formação de preços, cursos de exportação e elaboração de planos de negócios. Em setembro de 2012, o Consórcio abriu uma empresa americana em Miami, a CN APEX BRASIL MIAMI F. A empresa Brazil Collective representa o Consórcio dentro da Apex-Brasil nos Estados Unidos.

“Em dois anos e meio nós recebemos 25 capacitações, todas destinadas à internacionalização. A última foi a nossa participação como compradores na JIS (no ano passado), e agora como expositores”, ressalta Marcelo Monteiro. 
Empresários que integram o Consórcio Empresarial de Joias do Pará
CAPACITAÇÃO - Antes de formalizarem o Consórcio Empresarial Joias do Pará, em 15 de junho de 2012 os empresários participaram de várias ações de capacitação e qualificação, com apoio do Sebrae-PA, incluindo cursos, palestras, feiras e eventos. As empresas também foram atendidas e analisadas por técnicos do Sebrae nas três fases do processo de internacionalização.

Marcelo Monteiro destaca que as assessorias da Fiepa, do Sebrae, do IBGM, do Governo do Estado do Pará/Seicom, do Igama e de todos os outros parceiros orientam e capacitam os empresários de forma abrangente como, por exemplo, na forma de apresentação da joalheria, ampliando a ideia de caracterizar a joia da Amazônia ou do Pará como Joia do Brasil.

“O nosso investimento foi resultado de anos e anos de aprendizado. Temos maturidade para entender que não existe facilidade, mas aprendemos a raciocinar no coletivo para enfrentar situações que não se previa”, conta Marcelo Monteiro.

Além da capacitação, o Consórcio investe na formalização de parcerias, com instituições já consolidadas nos setor joalheiro, e nas áreas de negócios e de capacitação em empreendedorismo, como o Sebrae/PA; a Fiepa/CIN; o IBGM; a Apex Brasil; a Seicom e o Igama. Raul Tavares destaca que o Consórcio surgiu a partir destas parcerias, e hoje é considerado a primeira experiência de escritório de negócios da Região Norte com o apoio da Apex/Brasil.

Consórcio pretende consolidar mercado externo para as joias do Pará
INVESTIMENTO – “A gente tem consciência que, para dar melhor resultado, muito provavelmente, a gente talvez tenha que fazer mais investimentos. Não estamos apenas querendo levar nossa marca lá fora, mas consolidar a qualidade dos nossos serviços, e isso é uma coisa que não tem preço. Se hoje a gente fala em investimento de alguns milhares de reais, amanhã o que vai importar para uma empresa não é a quantidade investida e nem quanto ela vale na Bolsa, mas a reputação que ela tem no mercado. Esse é o maior investimento que qualquer empresa pode fazer”, analisa Amorim.

Segundo Raul Tavares a ideia é as instituições parceiras apoiarem o Consórcio até que ele possa caminhar “com os próprios pés e com investimentos próprios”.

Como resultado da participação na JIS Miami, o Consórcio também recebeu convite para participar, em janeiro de 2013, da Bijorhca Paris, uma das maiores feiras de joias da Europa, e da próxima edição da edição da JIS Miami, além da Sea Fashion, feira internacional que acontecerá, em dezembro do ano que vem, dentro de um navio no Porto de Miami, na qual o Consórcio é um dos dois expositores brasileiros convidados, entre cerca de 40 participantes de todo o mundo.

Os convites e resultados que o Consórcio tem alcançado, resume Marcelo Monteiro, mostram que a estratégia adotada pelos empresários está dando certo. “Nós estamos nos tornando competitivos pela qualidade e pela proposta, e não pela quantidade”, afirma. “O que nós percebemos é que a qualidade da joia brasileira melhorou expressivamente. Foi o que nos disseram. E de um mix de 1.800 expositores, os organizadores de uma feira em um navio escolheram a nossa. É a comprovação de que a nossa joia está entre as melhores do mundo”, complementa João Amorim.
  Bracelete Helicônia. Empresa: Brilho da Amazônia

SERVIÇO: 
Os contatos do Consórcio Empresarial de Joias do Pará são o telefone (91) 3031-6403; os e-mails consorcio@joiasdopara.com e business@brazilcollectivejewelry.com e o site: www.brazilcollectivejewelry.com 

FOTOS: Consórcio Empresarial de Joias do Pará - Divulgação
  
Ascom/Igama




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