São José Liberto é exemplo de Economia Criativa

Maria Amélia Enriquez e Rosa Helena Neves participaram do Fórum Brasileiro de Economia Criativa. FOTO: MÁRCIA VIEIRA
O funcionamento integrado de ações nas áreas de cultura, turismo, design, artesanato, joalheria, capacitação profissional e comercialização, presentes no Espaço São José Liberto, asseguram a dinâmica de funcionamento dos elos da economia criativa: criação; produção; difusão e distribuição, e consumo e fruição (usufruto), destacados durante o Fórum Brasileiro de Economia Criativa, realizado na quarta-feira passada (17), no auditório do Banco da Amazônia.

Promovido pelo Ministério da Cultura (Minc), por meio da Secretaria de Economia Criativa e o Escritório Regional do Ministério, o Fórum contou com a presença da secretária de Economia Criativa Cláudia Leitão, que apresentou o Plano Brasil Criativo (PBC); Maria Amélia Enriquez, secretária adjunta da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom); Airton Lisboa Fernandes, diretor de desenvolvimento de Comércio e Serviços da Seicom, e Rosa Helena Neves, diretora executiva do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).

O Espaço São José Liberto desenvolve as ações do Programa Polo Joalheiro do Pará comercializa artesanato de várias regiões do Estado e apoia integralmente os elos da cadeia produtiva, interagindo com uma rede de parceiros nas áreas do turismo, cultura, ciência, tecnologia e inovação, sob a perspectiva da intersetorialidade.

De acordo com Rosa Helena Neves, isso tem gerado experiências de integração entre os diversos setores do ramo de gemas, joias, moda, manualidades e artesanato, contribuindo para um acesso ao mercado que valoriza os setores criativos.

As manifestações artístico-culturais, como o teatro, a dança e o folclore, também são contempladas no Espaço São José Liberto, que, além do Polo Joalheiro, tem a Casa do Artesão, o Museu de Gemas do Pará e o anfiteatro Coliseu das Artes, onde ocorrem apresentações, exposições e outros eventos. 

POLÍTICAS PÚBLICAS - Depois de São Paulo, Belém sediou a segunda reunião do Fórum, cujo objetivo é divulgar o conceito de Economia Criativa, ampliar a participação da sociedade civil nas discussões sobre as políticas públicas para o setor e discutir a implantação do “Criativa Birô” no Pará, a partir de uma parceria com o Governo do Estado.

O Plano Brasil Criativo, que visa desenvolver e fortalecer os setores criativos para alavancar o crescimento da economia nacional, e aguarda aprovação da presidente Dilma Rousseff, é abrangente. Além dos setores criativos, envolve vários Ministérios e demais representações públicas e privadas, como centros superiores de ensino, institutos de pesquisa e de inovação e associações representativas de classe. Participaram do Fórum representantes de segmentos criativos do Pará, os quais contemplam dinâmicas sociais, culturais e econômicas.

O PBC contempla o Patrimônio (Material, Imaterial, Arquivos e Museus), as Expressões Culturais (Artesanato, Culturas Populares, Indígenas e Afro-brasileiras, e Artes visuais), as Artes de Espetáculo (Dança, Música, Circo e Teatro), o Audiovisual e o Livro, a Leitura e a Literatura (Cinema e Vídeo, Publicações e Mídias Impressas), e as Criações Funcionais (Moda, Design, Arquitetura e Arte Digital.

Entre os presentes no Fórum, além de artistas, estavam titulares e representantes de associações e órgãos públicos, como da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves, Seicom, Instituto de Artes do Pará (IAP), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae/PA), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Banco da Amazônia.

Rosa Helena Neves, Cláudia Leitão e Delson Cruz. FOTO: POLYANE AMARAL
INCLUSÃO PRODUTIVA – Segundo Rosa Helena Neves, o Espaço São José Liberto (ESJL), criado pelo arquiteto e secretário de Estado de Cultura Paulo Chaves, nasceu sob a lógica da cultura como elemento impulsionador da economia e de inclusão produtiva. Todos os produtos comercializados no São José Liberto, destacou a diretora, comunicam a simbologia da cultura amazônica e representam o talento e a capacidade produtiva dos designers, empresários individuais, artesãos, produtores, músicos e escritores, mostrando a diversidade da cultura local.

Além das joias, acessórios de moda, artesanato e manualidades, o ESJL também comercializa CDs, DVDs, perfumaria, cosméticos, doces, biscoitos e licores criados e produzidos frutas e ervas do Pará.

PARCERIA - A secretária adjunta da Seicom, Maria Amélia Enriquez lembrou que a Secretaria é parceira de ações culturais no Estado, por meio da diretoria de Comércio e Serviços e da Coordenação de Projetos de Economia Solidária e Criativa do Estado, sendo o São José Liberto um dos espaços onde a Secretaria tem colocado em prática estas ações de fomento, relacionadas à Economia Criativa.

Questões importantes, como a aplicação da Lei Rouanet, também foram destacadas no Fórum, bem como a falta de divulgação destes tipos de instrumentos, que possibilitam ao setor produtivo o repasse de uma parcela do Imposto de Renda para a promoção de atividades culturais.

Maria Amélia Enriquez explicou que, em agosto, a Seicom realizou uma aproximação com as grandes empresas mineradoras e já recebeu alguns retornos importantes desses setores, que vão direcionar uma parte do seu imposto para promover atividades culturais, por meio da Lei Rouanet. Em uma segunda reunião, enfatizou a secretária, tratou sobre a Lei Semear, de incentivo estadual.

A secretária também parabenizou o Minc pela iniciativa de elaborar o Plano. Ao citar o escritor africano Mia Couto ela destacou que a “recriação da nossa história” é nossa própria responsabilidade, e lembrou a própria recriação da Seicom, em novembro de 2011 (pela Lei 7.570), “que veio um pouco com essa missão de reinventar a história. Reinventar usando a dimensão do povo, que é a cultura, a expressão maior do capital humano. Trocar estas experiências vai enriquecer muito as nossas práticas de políticas públicas”, finalizou Maria Amélia Enriquez.

Cláudia Leitão reforçou a necessidade de reflexão sobre a nova política pública de cultura no Brasil, pautada na valorização do potencial humano, respeitando as diferenças e a diversidade de setores criativos de cada região do Brasil, país que desperta enorme expectativa no restante do mundo. “A gente percebe agora que cultura é um elemento muito interessante, exatamente para a gente compreender o que difere uma nação da outra, o que distingue uma nação da outra, como se constroi o desenvolvimento a partir de territórios, a partir de projetos regionais e locais”, observou.

Espaço São José Liberto apóia elos da cadeia criativa interagindo com um a rede de parceiros. FOTO: OCTÁVIO CARDOSO
EXEMPLO - “Nós precisamos culturalizar a palavra economia criativa”, reiterou Cláudia Leitão, destacando que o Espaço São José Liberto é um exemplo de Economia Criativa, com cadeias produtivas organizadas de setores criativos. A representante do Minc também falou da necessidade de mobilização da sociedade civil para que o Plano Brasil Criativo, distribuído aos participantes do Fórum, seja aprovado e colocado em prática. “É muito importante que a gente faça uma reflexão sobre o que a secretária adjunta (Maria Amélia) falou, citando Mia Couto. Pediria a todos que dessem uma lida nesse Plano, porque ele é o documento fundador de uma nova política pública do Ministério da Cultura. Nós estamos retomando uma discussão que é muito urgente no Brasil, uma discussão sobre cultura e desenvolvimento”, ressaltou.

Em agosto de 2012, Suzete Nunes, da Coordenação de Empreendedorismo, Gestão e Inovação do Minc, vinculada à recém-criada Secretaria da Economia Criativa para o Desenvolvimento, visitou e conheceu detalhes do trabalho desenvolvido pelo Espaço São José Liberto, acompanhada por Delson Cruz, que está à frente da Representação Seccional Norte.

Ascom/Igama





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