Mestres demonstram a arte da balata em oficinas no São José Liberto

Ainda crianças, Darlindo Pinto, Paulo Baía e Oscarino Braga descobriram o artesanato em balata, látex extraído da balateira, que após um processo de limpeza e beneficiamento fornece a matéria prima para um tipo de artesanato só encontrado no norte do Brasil. O domínio da técnica de manipulação da balata, até chegar às miniaturas de animais e personagens do cenário amazônico, está sendo mostrado pelos três mestres balateiros na Casa do Artesão/Espaço São José Liberto, nas oficinas de demonstração que acontecerão até domingo (21), dentro da programação da Semana do Artesão 2010.

Promovida pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama) e pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedect), a Semana do Artesão é realizada todos os anos no mês de março, quando se comemora o Dia do Artesão – dia 19 – data dedicada a São José, padroeiro dos artesãos. “Este é um evento destinado a valorizar o trabalho dos artesãos vinculados ao Espaço São José Liberto. É o momento de darmos um destaque especial a esse trabalho, de discutirmos problemas comuns a todos, de oferecermos ações de qualificação e mostrarmos os avanços obtidos no setor”, destacou Rosa Helena Neves, diretora executiva do Igama, na noite de terça-feira (16), durante a abertura da Semana do Artesão, evento animado pelo grupo parafolclórico Frutos do Pará.

Na edição deste ano o tipo de artesanato homenageado é a balata. Na exposição “Balata - a riqueza da floresta em miniaturas”, o visitante pode ver a matéria prima, as ferramentas utilizadas pelos artesãos – a maioria de fabricação própria – e algumas peças já prontas, além de informações sobre a árvore de balata e o processo de beneficiamento do látex – que é coletado apenas nos meses de março, abril e maio, durante o período chuvoso na região. No Pará, a balata é extraída nos municípios de Alenquer, Almeirim e Monte Alegre.

Otimismo - Segundo Darlindo Pinto, 51 anos, dos quais 41 dedicados ao trabalho com balata, hoje o cenário para esse tipo de artesanato é promissor. “Já conseguimos o reconhecimento do Ministério da Cultura, que incluiu a balata entre as manifestações de cultura tradicional, junto com a moda, o design e a arquitetura”, informou ele, se referindo ao Programa de Promoção do Artesanato de Tradição Cultural, coordenado no Pará pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O Programa permitiu a instalação de um polo de desenvolvimento do artesanato em balata em Monte Alegre, propiciando o acesso direto à matéria prima e a oficinas de qualificação, visando difundir o trabalho dos balateiros. “Em todo o país, o Ministério instalou 65 polos de artesanato tradicional”, informou Darlindo Pinto. No Pará, além da balata, há polos de artesanato em cuia e trançado de fibras, em Santarém; de miriti, em Abaetetuba; de cerâmica, na vila de Icoaraci, em Belém, e de fibra de tururi, no Arquipélago do Marajó.

O projeto do polo de balata, com investimento de R$ 70 mil, foi iniciado em outubro de 2009, com vigência até outubro de 2010, administrado pela Associação Hortoflorestal de Monte Alegre.

Para os artesãos, o trabalho com a balata é muito mais que um meio de sobrevivência. “Faço artesanato com balata desde os 12 anos. Já tentei trabalhar em outro ramo, mas desde 2002 decidi atuar apenas como balateiro. Estou no São José Liberto desde a inauguração do espaço, e pretendo continuar nessa atividade e transmitir esse conhecimento para novas gerações”, contou Paulo Baía, 53 anos, que estará nesta quinta-feira (18) ministrando a oficina de demonstração, de 10 às 12h.

Aceitação - Paulo Baía, que tem três irmãos igualmente seduzidos pelo artesanato em balata, espera que o paraense conheça e valorize mais essa arte. “As pessoas de fora do Pará compram bastante as peças em balata. Nas feiras que participamos em outros locais do país a aceitação é muito boa. Em Brasília, principalmente, vendemos muito. Hoje, tenho encomendas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais”, disse o artesão.

Com 32 anos dedicados ao artesanato, Oscarino Porto Braga chegou aos 50 anos de vida plenamente satisfeito com tudo o que construiu com o trabalho artesanal. Ele, que já esteve em Bressuire, na França, divulgando a arte com balata, também é otimista quanto ao futuro desse tipo de artesanato, que aprendeu com o irmão mais velho, Antonio.

Da abertura da Semana do Artesão, que prossegue até domingo (21), participaram representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Fátima Gonçalves; da Secretaria de Estado de Cultura, Carlos Gonçalves; da Fundação Carlos Gomes, Júlia Câmara; do Sebrae-PA, Ana Lúcia Santos, e da Universidade do Estado do Pará, Rosângela Gouvêa Pinto.

Serviço: Semana do Artesão 2010. De 16 a 21 de março, no Espaço São José Liberto. Oficinas de demonstração de artesanato em balata – quinta e sexta, de 10 às 12h, e sábado e domingo, de 17 às 19h. Promoção: Igama e governo do Estado/Sedect. ENTRADA FRANCA.

Ascom/Igama




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