Moda paraense é tema de matéria da Revista Nossa Economia


O cenário atual da moda no Estado e o Plano Integrado de Ação para a Indústria da Moda - Polo Metrópole foram assuntos abordados em matéria publicada na quinta edição da Revista "Nossa Economia", publicação trimestral da Guerreiro Produções LTDA.

Confira, abaixo, a íntegra da matéria.  


                                                                                                 Imagens: Reprodução

Moda paraense: um horizonte aberto a criatividade e ao empreendedorismo

Governo, entidades e instituições de ensino superior fomentam um mercado em expansão no Estado do Pará

Por Paula Portilho
Fotos: Divulgação


Entender de moda, para alguns, é saber escolher estampas e harmonizar cores. Mas o que está além desse horizonte é um mercado exigente, competitivo e amplo para quem tem criatividade e sabe driblar crises. Segundo dados da Associação Brasileira de Indústrias Têxteis e de Confecção, o Brasil ocupa a quarta posição entre os maiores produtores de artigos de vestuário do planeta. Em 2013, o setor foi responsável por 5,7% de participação no Produto Interno Bruto (PIB), e em 2014 gerou 1 milhão e 600 mil empregos diretos.

No Pará, o segmento moda ainda não tem a representatividade dos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo. Mas o cenário e o mercado tendem a se consolidar e expandir, em especial a partir de investimentos em inovação e tecnologia. Em Belém, a capital paraense, há dois cursos superiores na área, em instituições privadas: o Curso de Design de Moda da Faculdade Estácio/FAP e o Curso de Moda da Universidade da Amazônia (Unama). Pioneiro no Estado, o curso da Unama foi criado há nove anos, com título de bacharelado e duração de três anos. A Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferta o curso de Bacharelado em Design. 

De acordo com o coordenador do curso da Unama, o designer Fernando Hage, em 2007 a instituição percebeu uma demanda de pessoas que queriam se especializar na área. A maioria já trabalhava com moda, mas precisava de embasamento técnico. Outros mostravam interesse em ingressar neste universo, e enxergaram no curso o pontapé inicial. 

Cursos garantem acesso à formação acadêmica

A maioria das pessoas tinha como opção ingressar em cursos como Educação Artística e Desenho, e outras migravam para estados que ofertam esse tipo de graduação”, informa Fernando Hage. Com a criação do curso de Moda, os profissionais tiveram acesso a uma formação voltada para criação, modelagem, desenvolvimento de produtos, gestão de negócios e administração da produção, além de fotografia e vitrinismo. 

“É um profissional apto a atuar no varejo, por exemplo”, ressalta o coordenador. Para a graduação, a Unama conta com três laboratórios: de confecção, modelagem e estamparia. Também organiza dois eventos anuais, o ‘Café com Moda’ e o ‘Mostra Moda’. “Não é um mercado fácil. É muito competitivo, lida com desejos, com tendências, mas tem um campo profissional muito amplo. E ainda permite partir para o empreendedorismo, uma perspectiva boa diante de um cenário de recessão”, ressalta Hage. 

E iniciativa parece não ser dificuldade para os estudantes paraenses. Em 2015, um grupo de alunos da Unama desenvolveu uma técnica de confecção de vestuário utilizando a fibra do miriti (uma palmeira amazônica) e ganhou o segundo lugar no Dragão Fashion Brasil, realizado em Fortaleza (CE).

Parcerias formalizam o APL de Moda e Design

Outro avanço decisivo na área foi a formalização do Arranjo Produtivo Local (APL) de Moda e Design – Polo Metrópole, no dia 2 de fevereiro de 2016, no Espaço São José Liberto – Polo Joalheiro do Pará. A iniciativa é do Governo do Pará – por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme) – Núcleo Estadual de Arranjo Produtivo Local (NEAPL/PA) e Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), com apoio dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Midc) e da Cultura (Minc).

O Plano de Desenvolvimento do APL de Moda e Design, resultado do Edital nº 3/2013, promovido pelo Midc e Minc, foi elaborado por integrantes do coletivo intersetorial, que inclui representantes dos setores público e privado, e do Terceiro Setor. As áreas de conhecimento multidisciplinar contam com o apoio de instituições de educação superior, de turismo, tecnologia e inovação, cultura, economia, movimentos setoriais, associações e organizações, fomento ao empreendedorismo, capacitação profissional, economia criativa, bancos, fazenda e tributo, artesanato e manualidades, moda, design de joias, fornecedores de matérias-primas, de entidades ambientais e federações. 

Sebrae investe na indústria de confecção

Como boas ideias geralmente se transformam em bons negócios, especialmente em época de crise, os profissionais empreendedores buscam apoio em instituições como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PA), que executa, desde 2010, o Projeto Fortalecimento da Indústria de Confecção, que atende às micro e pequenas empresas em três áreas: confecções, calçados e bolsas, e bijuterias, com ações de mercado (feiras e eventos) e de gestão (consultorias, cursos e palestras). Em 2015, o Sebrae atendeu 70 empresas nesse segmento, e a expectativa é que neste ano o número chegue a 130.

Para Selma Liduína, gestora do setor de Moda do Sebrae, ao qual o projeto está vinculado, a principal dificuldade do segmento é a falta de insumos (matéria-prima) no Estado. “A maior parte vem de fora, o que encarece em cerca de 30% o produto final, o que já atrapalha o quesito competitividade no mercado”, ressalta a gestora, que cita, ainda, como entrave ao desenvolvimento, a inexistência no Pará de um curso de formação em técnico têxtil.

Entre as vantagens, Selma aponta um grande leque de frentes de trabalho, uma vez que o segmento é bem amplo e favorece o empreendedorismo, porque o custo de montagem do próprio negócio é relativamente baixo. “Digamos que com R$ 15 mil se pode montar um pequeno negócio para ingressar no mercado”, informa. Segundo Selma Liduína, o projeto atende empresas com até 80 empregados (como é o caso das empresas de confecção de uniforme profissional) e tem como característica empregar mão de obra feminina, a maioria com pouca instrução. O Sebrae também atende ao empreendedor individual e ao micro e pequeno empreendedor.

A gestora do setor de Moda cita o case de uma empresa atendida de março a novembro do ano passado. “Essa empresa tinha uma parte produtiva fora dos padrões. Por exemplo, não trabalhava com a cronometragem de tempo de confecção das peças, um dos itens que compõem a planilha de custos. Entramos, então, com uma consultoria de chão de fábrica, que muda a postura tanto de empregadores quanto de empregados. Ao final, a empresa registrou um aumento de 80% na produção”, relata Selma Liduína.

Plano integrado: fomento à gestão e ao mercado

Visando fortalecer o setor, Sebrae Pará, Espaço São José Liberto/Igama, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Sedeme já elaboraram o Plano Integrado de Ação para a Indústria da Moda. O objetivo é programar atividades envolvendo gestão, mercado e inovação, além de acesso à tecnologia, para o público que faz da moda uma tendência de novas oportunidades. 

O Plano Integrado de Ação foi apresentado com detalhes no dia 23 de março, no auditório Albano Franco, da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), para representantes de todas as entidades parceiras, microempreendedores individuais e donos de micro e pequenas empresas, todos da Região Metropolitana de Belém, com atuação nos ramos de confecção, bijuterias, joias, calçados e bolsas. 

O Plano deve ser implementado até dezembro deste ano, para fomentar o desenvolvimento econômico do setor, fortalecendo as empresas com ações destinadas à gestão e ao mercado, como a instalação, em abril, de uma Loja Conceito, um espaço fixo que funcionará dentro do Espaço São José Liberto. As empresas que vão compor a Loja Conceito serão selecionadas por uma curadoria entre as marcas que se candidatarem. 

Para Rosa Helena Neves, diretora executiva do Igama e coordenadora técnica do APL de Moda e Design, o objetivo do Plano é articular ações institucionais com convergências para resultados que potencializem a capacidade produtiva dos empreendimentos gerados, promovendo a abertura de novos mercados e ofertando aos pequenos empreendimentos oportunidades necessárias para o crescimento de volume de negócios, e aumento do valor agregado ao produto.

Fonte: Revista Nossa Economia - 5ª edição

Ascom Igama




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