Programação no São José Liberto marca de 20 anos da Cia Tribos Ballet Teatro

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Espetáculo "Rituais", com a Cia Tribos Ballet Teatro, em apresentação 
no Coliseu das Artes do São José Liberto. Foto: Manoel Pantoja

A escolha do Dia do Índio, 19 de abril (domingo), para fechar a semana festiva do projeto “Tribos Ballet: 20 Anos de História”, não foi aleatória. Também não foi ao acaso a escolha do local para abrigar o evento: o anfiteatro do Coliseu das Artes do Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n, Jurunas), a se realizar, às 17h, com uma mostra de dança de 15 companhias parceiras. Um “show-desfile” com 20 bailarinos e modelos também acontecerá no local.

Na oportunidade, serão lançadas joias sustentáveis exclusivas criadas em homenagem à trajetória da companhia. A referida coleção foi concebida pelos designers Helena Bezerra e Jorge Duarte, participantes do Programa Polo Joalheiro do Pará, a partir dos grafismos da pintura corporal indígena dos bailarinos, em alusão a alguns momentos coreográficos marcantes do repertório da companhia.

Com entrada franca, o público também poderá visitar a exposição instalada no local desde a última terça, 15. São indumentárias, fotos e outros elementos do acervo da Tribos Ballet Teatro, criada pelo coreógrafo Maurício Quintairos e pelo produtor cultural Darley Quintas, que produzem e dirigem o espetáculo deste domingo.

É nesse clima festivo que os diretores recordam a estreia, em 1994, do espetáculo “Tribos”, marco inicial e fonte de inspiração para o projeto da companhia, cujo trabalho desenvolvido ao longo das duas décadas visa divulgar no Estado, no Brasil e no exterior, a arte da dança contemporânea com referências na história e na cultura da região amazônica.

Para Quintairos, o tema, a data e o local escolhidos para “fechar com chave de ouro” as realizações da “Tribos” fazem parte da memória afetiva da companhia. A parceria com o Espaço São José Liberto é antiga, pois o local foi palco de outras apresentações da Tribos Ballet Teatro e do Dança Pará Festival, também criado por Darley e Maurício, por meio da Cia Arte Produções. Foi na 23ª edição do festival de dança mais antigo da capital paraense e do Norte/ Nordeste, em novembro de 2014, que as comemorações dos 20 anos da companhia iniciaram-se.
Bailarinos Diego Jaques e Leidiana Ribeiro, na abertura do evento, 
              no Memorial dos Povos. Foto: Manoel Pantoja
A ação tem promovido o reencontro com antigos bailarinos, amigos, admiradores e colaboradores da companhia, como o produtor cultural Will Júnior. “Há dois anos, dentro dessa linha profissional, sempre chamo a ‘Tribos’ para participar e expor seus trabalhos. É muito bom recebê-los e ver o que está produzindo uma das melhores companhias do Estado”, enfatizou Júnior, destacando a exposição. “Achei muito linda, estou encantado! Amei rever alguns espetáculos onde trabalhamos juntos e alguns que eu não tinha visto, como os primeiros. Os adereços de cena são bem confeccionados e bonitos. Que venham mais 20, 40 e 60 anos porque eles merecem”, concluiu.

A bailarina e coreógrafa Ana Rosa Crispino, diretora da Ballare, onde aconteceu a oficina de dança contemporânea, prestigiou a abertura da exposição, ressaltando a importância da parceria de sua escola com este e outros projetos da companhia. Dentro da programação do evento também foi realizada palestra sobre intercâmbio cultural e responsabilidade social, no auditório da TV Liberal, parceira da companhia desde o ano em que foi criada.

Já Selma Quintela, presidente da Associação dos Idosos do Pará (Assipa), que participou da cerimônia de abertura da mostra junto com seu esposo, o médico Jorge Coelho, elogiou a organização e o local do evento. “A gente tem acompanhado essa história. Nossa militância na dança, nos festivais, nas conquistas, esse tempo todo, é amiúde. A companhia é muito criativa. É tudo de muito bom gosto e uma prova disso são essas indumentárias de quase 20 anos, com penas de arara e sementes, que estão muito bem conservadas e não poderiam estar expostas em qualquer lugar”, observou Selma, com a concordância de seu marido. “O São José Liberto é um ambiente onde, realmente, a gente respira cultura. Em todos os eventos que participamos sentimos que o espaço foi muito bem pensado, bem aproveitado. É maravilhoso e dá orgulho de ser paraense e morador da cidade”, falou Jorge Coelho.

O médico Jorge Coelho e a presidente da Assipa, Selma Quintela, com o fotógrafo Manoel Pantoja, na abertura da exposição, no Coliseu das Artes do espaço. 
Foto: Laise Cavalléro - Manoel Pantoja Fotos e Eventos

A exposição tem curadoria de Darley Quintas e do cenógrafo e figurinista Guilherme Repilla, que selecionaram imagens do fotógrafo paraense Manoel Pantoja e alguns registros de Jorge Cerri (in memoriam), fotógrafo paulista especializado em fotos de dança. Guilherme Repilla pensou na ambientação a partir de montagens coreográficas e realizações de períodos pontuais da Tribos, de forma a criar uma identificação visual com os visitantes, que rememoram a história através de fotos, programas e objetos cênicos.

Joias reproduzirão pinturas corporais dos bailarinos, como a de Lucas Fênix, da Tribos Ballet Teatro, em solo premiado em 2014 no Festival Bento em Dança (RS). Foto: Manoel Pantoja
Joias – “Todas as Tribos” é o nome da coleção inédita de 20 peças da HS Criações & Design, empresa de Helena Bezerra. As joias artesanais foram produzidas em prata com gema mineral dendrita, fibra de curauá e incrustação paraense – técnica desenvolvida no âmbito do Polo Joalheiro que substitui a esmaltação com variação de tons e cores, a partir de em um processo sustentável.

“São peças mais conceito: colares, anéis, pingentes, brincos e braceletes que causam certo impacto”, comenta Jorge Duarte. Misturar dança com design e com a própria moda, representada nos figurinos dos bailarinos, na opinião de Helena Bezerra, é uma combinação que deu certo. “Cada dia mais a gente divulga a nossa arte feita com identidade cultural e design contemporâneo. Unir tudo isso com outras artes é fantástico, afinal, quem não gosta de dança?”, questiona a designer.

A inspiração central da nova coleção, detalha Jorge Duarte, nasceu dos desenhos e formas da indumentária indígena, tanto a pintura corporal quanto os adornos físicos usados pela companhia, como tangas e cocares. “O uso desses adornos como identidade é muito forte nos índios e a joia é um adorno. Na dança, os bailarinos trabalham diretamente com o corpo e a dança, assim como a joia, é uma formas de mostrar a identidade desse indivíduo”, completa o designer.

O designer de joias Jorge Duarte e Darley Quintas, produtor cultural e diretor da Tribos Ballet Teatro, na abertura da  exposição. Foto:Manoel Pantoja Fotos e Eventos
Na abertura da mostra, a relações públicas Cintia Luna, representante da TV Liberal; a bailarina e coreógrafa Ana Rosa Crispino, diretora da Ballare Escola de Dança e o coreógrafo Maurício Quintairos, diretor da Tribos Ballet Teatro. Foto:Manoel Pantoja

História – Fundada em 1994, a companhia já se apresentou para plateias de todo o Brasil e de outros países, como Alemanha e França, conquistando prêmios em festivais de dança. Cerca de 150 bailarinos já passaram por ela, dentre eles Clayton Moura e Kleber Dümerval, os dois mais antigos e ainda atuando. Os primeiros passos, lembra Clayton, foram dados na escola de dança do Serviço Social da Indústria (Sesi), dirigida, na época, por Quintairos. Com a criação da companhia, dois anos depois, o bailarino não parou mais de dançar, além de trabalha como coreógrafo em outros grupos paraenses de dança.

Clayton Moura apresentou um solo de “Vision”, uma das mais recentes montagens da companhia, pensada a partir do cotidiano do povo francês e pontuada por fatos históricos do país. Trechos de Vision, Tribos e África de Oxum foram mostrados, por três casais de bailarinos, na abertura do encontro, no Memorial dos Povos Indígenas, no Complexo Ver-o-Rio “Quando criamos a companhia, a referência era falar, com contemporaneidade, de todas as raças e culturas, com ênfase na miscigenação da nossa própria colonização. Através da linguagem universal da dança a gente busca essa ligação com todas as tribos, com essa aldeia globalizada que é o mundo atual”, afirmou Darley Quintas.
O bailarino Clayton Moura apresentou trecho de "Vision", na abertura da exposição de fotos e indumentárias, no São José Liberto. Foto: Manoel Pantoja
Registros do espetáculo "Tribos", feitos pelo fotógrafo paulista Jorge Cerri, também estão expostos. Foto: Jorge Cerri (in memoriam)
“Somos gratos pela oportunidade de poder comemorar esses anos de luta e sucesso com pessoas queridas, unindo todas essas expressões culturais. A companhia pensa a dança com esse viés de da diversidade das linguagens artísticas, agregando valores de preservação da natureza, fazendo crítica social e fomentando a arte-educação. É esse grito que ecoa após as nossas apresentações”, comemora Maurício Quintairos.

“Tribos Ballet: 20 Anos de História” é uma realização da Cia. Arte Produções e Eventos e da Companhia Tribos Ballet Teatro, em parceria do Governo do Pará, por meio do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama) e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme); Gráfica Sagrada Família; Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel); Manoel Pantoja Fotos e Eventos; HS Criações e Design; CN Produções; Ballare Escola de Dança e Sapatilhas.

Serviço: a exposição fica aberta ao público até o próximo domingo, 19, no horário de funcionamento do espaço São José Liberto, de terça a sábado, das 9h às 18h30, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h. O encerramento da semana comemorativa do projeto “Tribos Ballet: 20 Anos de História”, no anfiteatro do Coliseu das Artes do Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n, Jurunas), começará a partir das 17h, com uma mostra de dança de 15 companhias parceiras e “show-desfile” com 20 bailarinos e modelos. Toda a programação é gratuita. Mais informações pelo e-mail ciadearteprojetos@yahoo.com.br.

Luciane Fiuza

São José Liberto

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Ascom Igama




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