Artesanato de miriti é um dos atrativos da Casa do Artesão no Círio de Nazaré

"Cata-Ventos" de miriti a venda na Casa do Artesão.
Foto: Igama/Divulgação
De estrutura leve, a fibra da palmeira conhecida como Miritizeiro (Maurita Flexuosa) proporciona uma gama de possibilidades de criação, com destaque para o tradicional brinquedo de miriti, que se destaca pelo colorido e por representar a fauna, flora, cultura e costumes da região. Ao mesmo tempo, o aproveitamento da matéria-prima natural serve de sustento para muitos artesãos paraenses, que com seu trabalho também homenageiam Nossa Senhora durante o Círio de Nazaré.

Alguns destes artesãos comercializam seus produtos no Espaço São José Liberto, que reúne tipologias de artesanato de 43 municípios do Pará, representando todas as regiões do Estado. O paraense Rafael Pereira é um dos 703 artesãos que integram o Programa Polo Joalheiro do Pará. Ele expõe seus produtos na Casa do Artesão, que, neste período, registra aumento médio entre 10% e 30% de visitantes.

Além do lado lúdico, o miriti também serve de base para produtos decorativos e utilitários. Percebendo essa característica múltipla da fibra, depois de um tempo apenas produzindo brinquedos, Rafael passou a criar também peças de decoração. O artesão produz modelos variados, como miniaturas de barcos e animais, além de porta canetas, móbiles e outros objetos decorativos. O ofício foi aprendido aos 17 anos, em 1999, em um curso que ele fez na própria comunidade.
"Pombinhas", brinquedo tradicional de miriti.
Foto: João Ramid/AIB
Durante o curso eu já fazia coisas diferentes, que chamavam a atenção de todos, tanto dos outros alunos como dos professores. Após alguns anos de aprendizado e já trabalhando com o miriti entrei para o São José Liberto, bem no começo do programa, e passei a fornecer minhas peças”, conta Rafael.

É no período do Círio que a imaginação dos artesãos de miriti ganha formas nas peças temáticas que enfeitam as ruas da cidade e as casas, além de serem motivo para alegrar a criançada. Réplicas da berlinda, da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, do andor (que sustenta a berlinda) e outras peças que remetem à festividade estão no vasto repertório de criação de Rafael Pereira, que imprime sua devoção no artesanato que cria.

Sou devoto de Nossa Senhora de Nazaré e me inspiro na fé para criar minhas peças e pedir proteção. É assim que vou produzindo”, diz Rafael. A produção do artesão é feita em casa, com a ajuda da mãe, Fátima Catarina, que começou auxiliando na pintura e com o tempo aprendeu a criar também as peças. Hoje, a maior parte do sustento da família vem do artesanato.

Bonecos "Soca-Soca".
Foto: Igama/Divulgação
Criatividade – O artesanato tem espaço importante na economia local, sendo única fonte de sustento para muitos produtores e artesãos ribeirinhos de comunidades próximas a Belém. Os artesãos trabalham com ferramentas rústicas, como facas e facões, além da pintura. De forma simples, eles transformam a fibra bruta em obras que encantam a todos aqueles que vêm conhecer o Estado e prestigiar o Círio de Nazaré, levando em frente uma tradição que passa de geração em geração registrando em cada objeto artesanalmente esculpido o cotidiano dos seus criadores.

João Batista Sales é um dos exemplos da espontaneidade criativa do artesão de miriti. Natural do Maranhão, ele se mudou para Belém muito jovem. Hoje, morando em Abaetetuba, o artesão conta que se considera “paraense de coração”. Os primeiros passos no artesanato foram no ramo da cestaria. Ele produzia diferentes tipos de cestas de vime trançado, por meio de técnica tradicional. Foi por curiosidade que Sales começou a trabalhar com o miriti e passou a criar pequenos objetos, reproduzindo em forma de brinquedos aquilo que via ao seu redor.

A atividade, que até então era apenas um hobby, passou a ser sua principal fonte de renda depois que uma amiga e admiradora do trabalho pediu permissão para divulgar o artesanato por intermédio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), durante o “Miriti Design 2000”, feira que ocorria na cidade de Abaetetuba.

A partir daí, o artesão começou a ganhar reconhecimento, deixando de lado a cestaria e passando a se dedicar exclusivamente aos produtos de miriti. Por começar por conta própria, de forma autodidata, a técnica de João Sales é peculiar e tem encantado as pessoas que adquirem suas peças.

O trabalho passou a ser comercializado na Casa do Artesão do São José Liberto desde 2002, quando o espaço foi inaugurado. Durante todo o ano, o artesão mantém uma produção regular, que envia para o local e para a feira que acontece aos domingos na Praça da República, em Belém. Ele conta que também recebe encomendas de diferentes lugares, inclusive de outros de outros estados brasileiros. “Trabalho junto com minha esposa, Cleide Sales. Desenvolvemos, recentemente, bandejas decorativas de miriti, além de sempre criarmos peças para o Círio, participando por vezes da Feira do Círio, do Sebrae”, explica.
Brinquedos de miriti em exposição na Casa do Artesão.
Foto: Igama/Divulgação
No mês em que se comemora a Rainha da Amazônia, a devoção a Nossa Senhora de Nazaré fala mais alto. Apesar de a esposa ser a mais devota da família, ambos acreditam na proteção da Santa e se apegam a ela para, entre outros desejos, garantir prosperidade no trabalho. Atualmente, a família se sustenta exclusivamente da produção do miriti. A filha do casal, Kelly Sales, também ajuda na produção e busca aprimorar o trabalho, tanto que já ministrou curso sobre o tema na Fundação Curro Velho.

Serviço: a Casa do Artesão fica aberta ao público nos seguintes horários: de segunda a sábado, das 9h às 19h, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h. No sábado (11), quando ocorre a Trasladação, o São José Liberto abre das 9h às 15h, e no domingo do Círio (dia 12), das 14h às 18h. O Espaço São José Liberto fica na Praça Amazonas, s/n, no Jurunas. A entrada é franca. Mais informações: (91) 3344-3514, 3344-3509 e ascom@saojoseliberto.com.br.


Ascom/Igama




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