Círio de Nazaré inspira artesãos do São José Liberto

Santas marajoaras criadas pelo artesão Doca Leite.
Foto: Eliseu Dias/Agência Pará
A Casa do Artesão do Espaço São José Liberto se prepara ao longo do ano para receber produtos de mais de 700 artesãos, que integram o Programa Polo Joalheiro do Pará e criam diferentes peças inspiradas no Círio de Nazaré. Este ano, modernidade, sofisticação e sustentabilidade são características que se sobressaem na produção dos artesãos.

Com formatos, preços e matérias-primas diversas, são comercializados no espaço imagens, mantos, adornos, camisas, bolsas, chaveiros e outras peças com a temática da época nazarena. Por apenas R$ 10 podem ser adquiridas, por exemplo, imagens da santinha em resina com caroços de açaí tingido, criação da artesã Silvia Alencar.

É a mistura de materiais, cores e texturas que chama a atenção no artesanato que reproduz a imagem da Santa, também confeccionado em cerâmica com grafismos marajoaras ou em gesso com desenhos de flores. Mantos bordados e pintados a mão e outras peças que remetem ao Círio de Nazaré destacam a criatividade e a fé dos artesãos.

O manto que envolve a fé é um dos itens temáticos que, a cada ano, recebe mais atenção por representar uma das tradições que cercam a festividade. Confeccionado em tecido, o acessório pode ser criado com sementes de açaí, contas de pérolas, flores metalizadas e outros materiais que acrescentam beleza a imagem. Com criatividade e inspiradas nos mantos confeccionados, anualmente, para a imagem original, as artesãs Maria das Graças Menezes e Benedita Rodrigues criaram peças que podem ser encontradas na Casa do Artesão em três tamanhos e preços variados, que vão de R$ 20 a R$ 50.

Imagens – Em cada detalhe do artesanato vendido no local são visíveis a dedicação e o simbolismo do Círio. Essa é a aposta de Doca Leite, artesão especialista em cerâmica marajoara desde 1978 e que também faz parte do Polo Joalheiro. Em homenagem à Virgem de Nazaré, nesse período, além dos objetos utilitários e decorativos, o artesão cria réplicas da imagem revestindo-as com mantos marajoaras, expressão típica da cultura paraense.
Artesão Doca Leite durante gravação de matéria de TV.
Foto: Ascom/Igama.
Ele conta que a inspiração vem da região amazônica, dos ribeirinhos que cortam os rios que cercam as ilhas e da multidão que enche a capital paraense sempre no segundo domingo de outubro para saudar Nossa Senhora de Nazaré. A cerâmica que nasceu da história da civilização marajoara e dos povos que viviam concentrados às margens do Lago Arari, na Ilha Marajó, caracteriza-se por traços simétricos e harmoniosos, esculpidos em baixo e alto relevo, entalhes, aplicações e outras técnicas.

Com tamanhos, cores variadas e desenhos únicos, as santinhas marajoaras conquistaram um público diversificado, de crianças a adultos, paraenses ou visitantes. Os preços variam entre R$ 20 a R$ 150, de acordo com os tamanhos. Além de fornecer peças para comercializar no Espaço São José Liberto, Doca Leite também recebe encomendas de outros pontos de vendas. Segundo ele, algumas ultrapassam as fronteiras do Estado e até do país.

Recebo encomendas de pessoas que desejam presentear amigos ou parentes que não conseguem estar aqui no período do Círio. Essa é a melhor forma de se fazer presente. Mesmo estando longe de Belém Nossa Senhora de Nazaré está presente com a pessoa através das imagens”, destaca o artesão.

Com a produção de peças exclusivas, Doca ganhou, em 2006, o título de “Artesão n°1 do Brasil”, concedido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Pelo conjunto da obra, em março de 2014, foi um dos oito artesãos homenageados na exposição “Os Mestres da Casa do Artesão”, promovida pelas secretarias de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seter), Federação das Cooperativas de Artesãos do Pará (Facapa) e pelo Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama).

Graça – Eliete Ricardo, que também integra o Polo Joalheiro, é autodidata e trabalha, há cerca de três anos, na confecção de imagens de gesso com mantos. A dedicação teve início após um grave problema de saúde de seu marido, que ficou internado em coma por várias semanas. Amigos e familiares formaram uma corrente de oração à Nossa Senhora pedindo pela sua recuperação.
Santas criadas pela artesã Eliete Ricardo e comercializadas na Casa do Artesão.
Foto: Eliseu Dias/Agência Pará
Em alguns dias o marido de Eliete recuperou-se plenamente e, como forma de agradecimento à Santa e a todos que rezaram por ele, a artesã começou a produzir imagens de gesso com diferentes desenhos, formando o manto para doar à família e amigos. A recepção foi tão boa que em pouco tempo Eliete começou a receber encomendas e, hoje, consegue um bom lucro durante os festejos do Círio de Nazaré, quando as vendas crescem.

O Círio é a vitrine do artesão, é o período do ano em que mais eu vendo a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Recebo encomendas de paraenses e até de pessoas que nunca estiveram em Belém, mas que conhecem a grandiosidade da festa”, ressalta. A inspiração de Eliete Ricardo gira em torno do símbolo maior da festa de Nazaré, que representa o amor maior, de mãe. “O amor por Nossa Senhora me inspira, me faz querer produzir o melhor manto do mundo para adornar a nossa mãe querida, a Mãe de Deus”, completa a artesã.

Serviço: os produtos artesanais do Círio são encontrados na Casa do Artesão do Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n, Jurunas). O espaço funciona de terça-feira a sábado, das 9h às 19h, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h. No mês de outubro o local abre às segundas-feiras, e no dia 12 de outubro, domingo do Círio, o funcionamento será em horário especial, das 14h às 18h.


Ascom/Igama




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