Identidade regional e novos estilos encerram o 7º Amazônia Fashion Week

Público lota o Espaço São José Liberto no encerramento do AFW
 
A moda paraense vem conquistando nos últimos tempos cada vez mais consumidores e revelando o talento de novos criadores. Uma clara demonstração desse avanço foi o sucesso do Amazônia Fashion Week (AFW), cuja sétima edição foi encerrada na noite de sábado (09), com um desfile no anfiteatro Coliseu das Artes, no Espaço São José Liberto, onde também aconteceu uma feira de moda e artesanato.

Com o tema “Moda em Ação”, o evento é uma realização da Associação de Costureiras e Artesãs da Amazônia (Costamazônia), com patrocínio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Governo do Pará, Faculdade Estácio do Pará (FAP) e outras instituições. 

Segundo Felícia Assmar Maia, coordenadora do Curso de Moda da FAP e responsável pela realização do AFW, a escolha do São José Liberto como um dos palcos do evento é estratégica, não só pelo local ser referência no trabalho com segmentos da economia criativa, como artesanato, moda e joalheria, mas também porque promove o mercado da moda dentro e fora do Estado.

A parceria com Espaço São José Liberto, mantido pelo governo do Estado por meio da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio e Mineração (Seicom) e do Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), tem se fortalecido a cada versão do encontro, considerado a maior vitrine de moda da Região Norte.

Ao apoiar iniciativas desta natureza, destacou Rosa Helena Neves, diretora executiva do espaço, o governo possibilita a divulgação, promoção e comercialização de produtos gerados por empreendedores locais.

Entre as atrações do encerramento do Amazônia Fashion Week estavam as criações de novos produtores. A passarela também abriu espaço para donos de grifes e pessoas que tiveram contato com o design de moda na preparação da coleção “Geração 70”.
Felícia Assmar Maia , coordenadora geral do AFW
 
O desfile "Geração 70" da AVAO conquistou o público do  evento

Um buquê de noiva feito com material reciclado foi usado no desfile
Estilo hippie - Um dos momentos mais aplaudidos da noite foi o lançamento da coleção inspirada no estilo hippie. O desfile foi aberto com o resultado do projeto desenvolvido por alunos do Curso de Design de Moda da FAP, em parceria com a Associação do Voluntariado de Apoio à Oncologia (AVAO) e as estilistas Enilda Carriço e Elys Cunha, da Costamazônia.

Os figurinos, criados a partir de retalhos e de material de reciclagem, foram criados por 15 mulheres em tratamento contra o câncer, dentre elas Carmita Rodrigues, Maria Ângela Tavares e Vera Lúcia Barbosa, artesãs que participaram, pela primeira vez, de um desfile de moda.

Para Carmita Rodrigues, que também cria bijuterias, a experiência foi muito gratificante. “A gente vai aprendendo com as professoras para poder chegar até onde chegamos”, disse Vera Lúcia, criadora do vestido de noiva e do buquê reciclado. “A gente não tinha experiência nenhuma. As professoras ensinavam e a gente ia criando a ideia. Costuramos tudo sob medida”, completou Maria Ângela. 

A aposentada Maria da Ascenção aprovou os figurinos do desfile. “Estavam lindos, com caimento e acabamento. Dou muito valor a esse trabalho. Precisamos de mais costureiras assim, porque não estamos mais encontrando essas profissionais na cidade. E as modelos mostram como temos pessoas bonitas na nossa terra”, enfatizou.

A coordenadora Dorotéia Goular (esq.) e a artesão Maria Nascimento, no estande da AVAO
Terapia – O resultado do trabalho da AVAO também foi conferido em alguns dos 14 estandes montados no local, para comercialização de produtos da Costamazônia e de universitários da FAP. Dorotéia Goulart, voluntária e coordenadora das oficinas de artesanato da AVAO, contou que o trabalho faz parte das atividades de terapia ocupacional, e que o dinheiro das vendas fica integralmente com as mulheres atendidas.

Ana Lúcia elogiou a organização do evento
Bijuterias, almofadas e guardanapos bordados foram algumas das peças criadas pela artesã Maria do Nascimento para a feira. “Eu sabia fazer alguma coisa de artesanato, mas aprendi muito mais na AVAO, que é como a nossa família”, disse. 

Ana Lúcia Everdosa, artesã da Costamazônia, disse que considera o AFW um espaço importante para divulgar seu trabalho - biojoias feitas com matéria prima diversificada, como resina, escamas de peixe e sementes.

Identidade – Natureza, cultura e tradição inspiraram estilistas como Fábio Purificação, criador da coleção masculina “Toró”, inspirada na tradicional chuva da tarde de Belém, com base na camisaria e no streetwar moderno. Segundo ele, os “recortes e detalhes dos figurinos fazem a diferença para homens arrojados, que apreciam o novo, mas sem deixar de lado um bom acabamento”. As cores usadas foram preto, cinza e diversas tonalidades de azul

As universitárias Brenda Lopes e Camila Catana, da nova geração de criadores paraenses, também buscaram inspiração na riqueza e nos costumes da região amazônica para criar a coleção, que une a técnica centenária de curtimento do couro bubalino do Arquipélago do Marajó a elementos estéticos da moda “oitentista” - conhecida como década perdida.

Pela terceira vez participando do Amazônia Fashion Week, Helena Bezerra e Waldirene Ferreira, empresárias e universitárias do 4º semestre do Curso de Moda da FAP, lançaram a coleção “The New Purse” (a nova bolsa), composta por oito bolsas de couro, com três estampas diferentes e exclusivas.

“São bolsas mais descoladas e com estampas exclusivas pintadas à mão, resultado de uma oficina de estamparia em sublimação (técnica de estamparia que se aplica no tecido) promovida pela FAP, em homenagem aos 400 Anos de Belém”, conta Waldirene Ferreira. Para Helena Bezerra, integrante do Programa Polo Joalheiro do Pará, o AFW é “um evento único em Belém e representa a grande vitrine da moda paraense”.
Modelo desfuila figurino da coleção "Toró", de Fábio Purificação

Helena Bezerra e Waldirene Ferreira mostram bolsas da Coleção "The New Purse"

Feras soltas - No desfile também foi lançada a coleção “Solte suas feras”, que reúne 15 carteiras e ecobags criadas por Silvia Valente, aluna da pós-graduação em Gestão de Produção de Vestuário de Moda da FAP. As peças seguem uma tendência que, segundo Silvia, vai e volta: a da estampa “animal print”. “Pensando nas nossas guerras diárias é que idealizamos essa coleção. É um convite para vencer essa luta contra todo tipo de preconceito, desânimo e falta de perspectiva”, reiterou.

Formas que vão do reto ao assimétrico, saias longas, pantalonas, frente única, transparência, blusas com cintura marcada, cores fortes e vibrantes, preto e branco, além de aplicações com pedrarias para “dar um ar mais fashion e sofisticado” são propostas da coleção “Guerreira Urbana Fashion”, criada e confeccionada pelas universitárias Michelle Rodrigues e Roseli Coelho. Segundo elas, os figurinos foram pensados para a mulher que assume várias funções, gosta de se vestir bem e conhece as últimas tendências da moda.

Encerrando a programação da sétima edição da Amazônia Fashion Week, a estilista Rafaella Sakairi apresentou a coleção “O poder da mulher na selva urbana”, que teve produção de Tayná Valle. Os tecidos brancos destacaram inscrições ou detalhes brilhosos. As criações agradaram, especialmente, o público jovem. “Adorei as camisas com desenhos de boca com brilhos”, disse a estudante Nicole Kahwage, que deseja estudar design de moda.  

“A coleção representa o poder da mulher como diva, através da alfaiataria, fluidez dos tecidos, decotes, cortes urbanos, pontos de luz e movimento”, explicou Rafaella Sakari.

Estilista Silvia Valente mosta bolsa da coleção "Solte suas feras"

Modelos que desfilaram "O poder da mulher na selva urbana", ao lado da estilista Rafaella Sakairi (esq.) e Tayná Valle, que produziu o desfile

Contatos:   AVAO: (91) 3249-8450
                   Felícia Assmar Maia (91) 84712921

Fotos: Igama/Divulgação

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Veja mais fotos na Fan Page do Espaço São José Liberto 


Ascom/Igama




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