Arranjo produtivo local de moda e design é formalizado no São José Liberto

Formalização do APL. Foto: Leandro Santana/AIB

Com vasta programação, na noite da última terça-feira (2), no Espaço São José Liberto, foi formalizado o Arranjo Produtivo Local de Moda e Design – Polo Metrópole, em uma promoção do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), Núcleo Estadual de Arranjo Produtivo Local (NEAPL)/ PA e Instituto de Gemas e Joias da Amazônia (Igama), com apoio dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Midc) e da Cultura (MinC). Um desfile de moda e a abertura da exposição “Potências Amazônicas: Biodiversidade e Diversidade Cultural na Belém 400 Anos” integraram a cerimônia.

O Plano de Desenvolvimento do APL de Moda e Design, resultado do Edital nº 3/ 2013, promovido pelo Midc e MinC, foi elaborado por integrantes do coletivo intersetorial, que abrange o público, o privado e o Terceiro Setor. As áreas de conhecimento multidisciplinar contam com o apoio de instituições de educação superior; turismo; tecnologia e inovação; cultura; economia; movimentos setoriais; associações e organizações; fomento ao empreendedorismo; capacitação profissional; economia criativa; bancos; fazenda e tributo; artesanato e manualidades; moda; design de joias; fornecedores de matérias primas; meio ambiente; empreendedorismo e federações.

Na cerimônia de formalização foram apresentadas as 40 empresas que já aderiram ao APL, bem como os 30 empreendimentos informais que, em breve, ingressarão no arranjo. Por se caracterizar por um APL Intensivo em Cultura, este arranjo beneficia as categorias culturais no campo das criações culturais e funcionais de moda e design. Arranjos Produtivos Locais são aglomerações de empresas localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais, tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.

Um desfile produzido pelo styling Diogo Carneiro abriu a noite e mostrou peças das nove coleções da mostra. São elas: Miriti–Tauá: Memórias Entrelaçadas; Mostra Marajó; Ruas e Rios de Belém; Pano Arte; Belém 400 Anos: História, Cultura e Memória; Encantos da Cidade; Passeio por Belém nos 400 Anos de História; Belém: Uma Poesia do Imaginário; e Sinestesia da Floresta. Quinze modelos desfilaram em um cenário com plantas naturais e trilha sonora instrumental.

 Desfile apresentou as nove coleções. Foto: Leandro Santana/AIB 

Em seguida, foi feita a assinatura de formalização do APL de Moda e Design Polo Metrópole Pará. Assinaram o documento Djane Amaral, secretária adjunta da Sedeme; Sérgio Menezes, diretor de Mercado da Sedeme e diretor do NEAPL de Moda e Design Metrópole Pará; Fabrizio Guaglianone, diretor-superintendente do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Pará; Rosa Helena Neves, diretora executiva do Igama, organização social gestora do Espaço São José Liberto, do Programa Polo Joalheiro do Pará, do APL de Gemas e Joias e coordenação técnica do APL de Moda e Design – Polo Metrópole.

“A palavra que melhor resume o evento de hoje é ‘parabéns’. Por isso, quero primeiro parabenizar a todos os organizadores, o Igama, os universitários e as universidades de nosso Estado, que geram, cada vez mais, profissionais competentes na área de moda. Parabéns ao Governo do Estado que, por meio da Sedeme, organiza, entende e prioriza o potencial desse setor. O Sebrae se soma a esse processo na condição de parceiro do governo, ao lado do Senai e do Senac, na criação de um ambiente favorável para negócios no segmento da moda. Finalmente, quero parabenizar os empresários envolvidos, pois, a cada criação, a cada evento, é o empreendedorismo do Pará que é valorizado”, disse o diretor-superintendente do Sebrae no Pará.
"Essa formalização do APL de Moda e Design marca um novo momento, vivido não só por este segmento, mas por diversos outros do Pará, em que estamos tentando organizar cadeias produtivas fundamentais de nosso Estado, para que, com isso, possamos dar muito mais estrutura tanto do ponto de vista financeiro, possibilitando aí a montagem de coleções, ateliês etc quanto do ponto de vista estrutural, divulgando, fazendo os nossos produtos circularem, chegarem a outros mercados e criando um ambiente de negócios favorável para todos. Agora, para que isso aconteça, é necessário o apoio e participação de todos que compõem este setor, pois um arranjo produtivo local não é algo do governo, de empresas ou empresários, é algo de todos e que só irá acontecer e se desenvolver se for abraçado por todos esses atores”, afirmou a secretária adjunta da Sedeme.

Potências Amazônicas

A exposição de economia criativa é composta por acervo de 200 objetos e produtos originados das nove coleções dos setores criativos joias, moda, design e artes plásticas. Participam como expositores estudantes de Moda e Design de produto, 31 criadores e designers profissionais, 40 empresas, empreendedores individuais e microempresas, 70 profissionais prestadores de serviços dos setores de moda, joias, artesanato, e artes plásticas, cinco curadores, oito consultores e um coletivo de criadores, bem como a participação especial do pesquisador e mestre ourives Paulo Tavares. A composição artística e visual da mostra é da designer Barbara Müller.

Exposição "Potências Amazônicas". Foto: Leandro Santana/AIB

Para Fernado Hage, designer e professor do curso de Moda da Unama, o nome da exposição referenda toda a força que a cultura da nossa região tem e como isso pode virar produto de moda, design e joalheria. “No caso da Unama a gente tem dois projetos (Miriti Tauá e Pano Arte) que, de certa forma, são distintos, com um estilo diferente de resultado, mas que se unem nesse ponto: mostrar a força que a gente tem, o lado criativo que a região tem e que a gente precisa valorizar muito mais”.

Para Hage, a exposição abre um ciclo porque está mostrando o que vem sendo feito pelo Igama, junto com os designers e consultores, ao longo dos últimos anos no espaço, nas oficinas, e “que tem ainda muito fruto para dar e potencial pela frente”.

No projeto “Miriti Tauá: Memórias Entrelaçadas” o grupo é formado por seis alunos da universidade. Já o projeto “Pano Arte” conta com a participação de 25 alunos, divididos em cinco grupos. Segundo Fernando Hage, cada grupo desenvolveu o tecido e criou um “look” em parceria com o artista plástico Rui Marcelo Rodrigues, do Coletivo Baseados em Artes, do qual também faz parte o economista Francisco Fortes.

A Pano Arte revela experimentações de estética e linguagem em que os alunos tiveram a liberdade de interagir e interferir na estrutura das obras do artista plástico. Com o auxilio do fogo, Rui une tecidos em movimentos próprios de sua personalidade. A técnica, denominada “forja em tecido”, usa sobras e retalhos de tecidos sintéticos sobrepostos que, unidos pelo fogo, criam novas estruturas, combinações e nuances entre as suas emoções e os tecidos. Os alunos de Moda buscaram uma abordagem menos tecnológica e mais cultural e manual, propondo novos sentidos de inovação.

Já pesquisa para o “Miriti Tauá”, lembra a universitária Rosáurea Vasconcelos, iniciou-se em janeiro de 2015, quando os conceitos começaram a ser trabalhados pelos estudantes. De acordo com Nayron Aguiar, que integra o grupo, o projeto sustentável e ecológico foi focado em um trabalho artesanal mais elaborado. O miriti, fibra extraída da palmeira Miritizeiro, foi a matéria-prima escolhida após meses de pesquisa. Para tingir os seis vestidos da coleção foi escolhido o urucum, fruto do urucuzeiro, de tom avermelhado.

“Os processos usados foram o da trança, que a gente vê no ‘top’, e o próprio crochê, feito com a fibra do miriti, além da fibra bruta. A gente usou também esteiras de fibras, pensando em deixar (as peças) bem naturais porque nossa coleção é comercial e conceitual”, explicou Nayron, observando que estes eram os requisitos exigidos pelo Dragão Fashion, concurso nacional, realizado em Fortaleza (Ceará), no qual eles conquistaram, em 2015, o segundo lugar, ficando entre as melhores universidades de Moda do Brasil, além da menção honrosa que a coleção recebeu no Museu da Casa Brasileira, de São Paulo (SP), de onde chegaram, recentemente.

Outra coleção que chama a atenção dos visitantes é a “Sinestesia da Floresta”, de joias criadas por um coletivo de empreendedores criativos em busca da geração da “joia sustentável”. Em seu fazer poético e profissional, esse coletivo revela, a partir de seus talentos individuais e de sua valiosa rede de prestadores de serviços criativos, possibilidades de promover o desenvolvimento do setor joalheiro, seguindo percursos dialógicos entre a inovação, os valores intangíveis da cultura amazônica e do design, comunicando a invenção inovadora, a diversidade e o desenvolvimento do setor joalheiro tendo como referência a sustentabilidade ambiental, econômica e cultural.

Mostra reúne diversos setores criativos.
Foto: Leandro Santana/AIB
                                                             
Neste movimento transgressor de criar e produzir joias com as marcas da Amazônia são divulgadas as “gemas vegetais”, desenvolvidas pelo mestre-ourives Paulo Tavares e produzidas por Mônica Matos. A designer Brenda Lopes integra o coletivo e criou a coleção “Orvalhos”, em prata com gema vegetal de pimenta e tucupi.

“Potencializar, unir forças era o que estava faltando para dar mais resultados brilhantes e criativos. A exposição reuniu várias linguagens e vários setores da arte”, comentou a designer, que também criou para a coleção “Belém: 400 Anos” joias inspiradas no Mercado de Ferro do Ver-o-Peso, a maior feira a céu aberto da América Latina.

A exposição tem a parceria da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Unama e Estácio FAP. “Potências Amazônicas: Biodiversidade e Diversidade Cultural na Belém 400 Anos” fica aberta ao público até 13 de março, no horário de visitação do Espaço São José Liberto: de terça-feira a sábado, das 9h às 18h30, e aos domingos e feriados, das 10h às 18h.

(Colaboraram Ângela Gonzalez, da Ascom Sebrae, e Rafael Sobral, da Ascom Sedeme)
Luciane Fiuza
Organização Social Instituto de Gemas e Joias da Amazônia


Fonte: Agência Pará de Notícias


Ascom Igama




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